Reda��o de jornal tem mais machismo que �reas de conflito, diz espanhola
Danilo Verpa/Folhapress | ||
A jornalista espanhola Mayte Carrasco durante o Encontro Folha de Jornalismo |
A mais conhecida correspondente de guerra espanhola, Mayte Carrasco, 41, costuma inverter o senso comum de que jornalistas mulheres teriam desvantagens ao atuar em zonas de conflito.
"Nunca tive problemas por ser mulher. Al�m disso, eu tinha acesso � comunidade feminina local, coisa que nenhum colega homem tinha."
Ela avalia que a pr�xima fronteira da cobertura sobre o Estado Isl�mico deve se voltar ao deserto da L�bia, seu prov�vel pr�ximo destino.
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Como e por que come�ou a cobrir conflitos?
Nunca quis cobrir guerras, mas tive essa oportunidade quando era correspondente na R�ssia e teve in�cio a guerra da Ge�rgia. Decidi ir para l� e descobri que cobrir conflitos era jornalismo na veia, era ser testemunha da hist�ria e falar com seus protagonistas. Dizem que quem tem coragem tem colh�o; eu digo que tenho ov�rios.
E como � ser mulher nesse contexto?
Eu me incomodo quando me perguntam se tenho filhos, porque � algo que nunca se pergunta aos homens. O machismo n�o est� tanto na zona de conflito como est� nas Reda��es e na sociedade.
Os talib�s no Afeganist�o me davam acesso e entrevistas. S� n�o me olhavam nos olhos nem apertavam minhas m�os. No entanto, com militares espanh�is e italianos eu tinha de ser agrad�vel para quebrar certos obst�culos.
Voc� j� esteve sequestrada na S�ria sem perceber. Como?
Estava com outro freelancer tentando sair do pa�s para o L�bano e nos abrigamos na casa de uma fam�lia, porque a cidade em que est�vamos havia sido cercada pelas tropas de Bashar Al-Assad. A fam�lia nos tratou muito bem, mas n�o nos deixava sair da casa nem nos comunicarmos por telefone.
Quando conseguimos sair, fomos informados de que o chefe da fam�lia era um contrabandista e havia tentado nos vender, sem sucesso. Tenho muitos colegas que est�o sequestrados ou que foram mortos. A exibi��o propagand�stica da morte desses colegas � algo obsceno e triste.
Por que os jornalistas se tornaram alvos do EI?
Desde que comecei a cobrir guerras, o risco aumentou muito. Conflitos se tornaram complexos, incontrol�veis. A t�nue linha de confian�a est� cada vez mais fr�gil. E, nesses momentos, valemos o que valem nossos passaportes.
Disse que n�o volta � S�ria. Quais conflitos planeja cobrir?
Quero investigar a dimens�o que o EI est� tomando fora da S�ria, especialmente na L�bia, cujo deserto � um epicentro dos neg�cios antes liderados pela Al Qaeda, como tr�fico de drogas e pessoas.
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