Jornalismo de opini�o provoca debate 'animado', mas 'sem sangue'
A �ltima mesa do Encontro Folha de Jornalismo, no in�cio da tarde desta sexta (19), no MIS (Museu da Imagem e do Som), em S�o Paulo, reuniu comentaristas pol�ticos para falar do jornalismo de opini�o.
O mediador Bernardo Mello Franco, colunista da Folha, abriu a discuss�o prevendo confronto entre os debatedores Reinaldo Azevedo, colunista da Folha, Ricardo Melo e Josias de Souza, ex-colunistas do jornal. Mas terminou descrevendo o encontro, em meio a risadas dos tr�s e da plateia, como "animado".
Foi logo depois de um espectador, Jos� Francisco da Silva, atravessar a discuss�o e se dirigir � mesa, com a Folha na m�o, para dizer: "Isso aqui � meu cigarro e minha pinga todo dia". Em seguida, enquanto Azevedo e Melo se abra�avam para fotos no centro do palco, ainda rindo, Mello Franco comemorou: "Ningu�m sangrando".
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Da esq. para dir.: Reinaldo Azevedo, Ricardo Melo, Josias de Souza e Bernardo Mello Franco |
Houve concord�ncia entre Melo e Azevedo, logo de in�cio, ao serem questionados se viam o momento pol�tico e jornal�stico como o mais polarizado da hist�ria. Ambos disseram que n�o, o primeiro lembrando as crises que levaram � morte de Get�lio Vargas e ao golpe militar; o segundo dizendo que � preciso radicalizar ainda mais, mas s� "no verbo".
J� Souza afirmou que a radicaliza��o existe "e quem trabalha na internet sabe: nas caixas de coment�rios, a vida inteligente passa longe". O risco a temer, afirmou, � de "venezualiza��o", com as diferen�as de opini�o chegando � viol�ncia.
Questionando a imagem de pr�-tucanos ou petistas que carregam, os tr�s, que antes das colunas de opini�o exerceram outras fun��es na Folha, lembraram momentos em que editaram e escreveram textos tanto contra Fernando Henrique Cardoso como contra o PT.
Nos cargos editoriais que ocupou em Bras�lia e em S�o Paulo, Azevedo afirmou jamais ter participado ou presenciado qualquer conspira��o no jornal, ao que Souza, que foi seu chefe, brincou: "Conspira��o � s� a partir de um certo n�vel".
Os tr�s concordaram tamb�m sobre a necessidade de o jornalismo de opini�o n�o inventar ou subverter os fatos que usa como base. Melo acrescentou, por�m, que "jornalismo e opini�o s�o quase um pleonasmo" e que h� opini�o at� na escolha do que vai para a manchete. Quando Azevedo afirmou ver equil�brio na cobertura dos jornais, Melo reagiu: "N�o sei quais jornais o Reinaldo anda lendo".
Sentados lado a lado, Melo e Azevedo, ambos com origem no grupo estudantil trotsquista Liberdade e Luta, atravessaram o debate fazendo provoca��es bem-humoradas um ao outro. Azevedo chegou a criticar Melo, que n�o o deixava apartar, denunciando ser "t�tica de assembleia desde os tempos da Libelu".
Em outro momento, diante de uma rea��o negativa da plateia, Azevedo comentou: "Eu n�o trouxe claque", ao que Melo respondeu, "Ah, e eu trouxe claque?". No final, quando houve a interven��o do espectador Jos� Francisco da Silva, com elogios especialmente para Souza, Melo comentou, "� a claque do Josias".
Ao longo do debate, as frases de maior efeito foram de Azevedo, por exemplo, ao justificar que est� � direita do PSDB: "Tucano quer ser petista limpinho". Pouco antes, ao explicar a express�o "petralha", que ele mesmo criou, soltou: "Nem todo petista � um petralha, mas todo petralha � um petista".
Azevedo reclamou das fortes cr�ticas que ouviu, ao retornar ao jornal como colunista: "Parecia que a Folha tinha contratado o Belzebu". E cobrou mais colunistas de direita na imprensa, dizendo que as Reda��es t�m esquerdistas demais e n�o retratam o pensamento da popula��o. Veio ent�o uma provoca��o da pr�pria plateia, em bilhete lido pelo mediador, dizendo que Azevedo havia defendido "cotas nas Reda��es" para liberais.
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