Jornalistas descrevem dificuldades da cobertura de conflitos
Com o tema "N�o Atire, Sou Jornalista", na manh� desta sexta (19) no Museu da Imagem e do Som (MIS), em S�o Paulo, o Encontro Folha de Jornalismo discutiu a cobertura em �reas de conflito, da S�ria � periferia de S�o Paulo.
James Harkin, free-lancer irland�s nos conflitos do Oriente M�dio, autor do livro "Hunting Season", sobre a campanha de sequestro de jornalistas pelo Estado Isl�mico, e Mayte Carrasco, free-lancer espanhola na regi�o, se concentraram na cobertura na S�ria, que descrevem como mais complexa do que em guerras anteriores –e exigindo mais jornalismo, n�o menos.
Harkin, que escreve regularmente para "Vanity Fair" e "Guardian", entre outros ve�culos, diz que o pa�s mostrou que as novas guerras n�o cabem na "busca pregui�osa por her�is" que o Ocidente costumava empreender.
Grupos antes vistos como "o mal" se transformam depois no "bem". Para revelar de fato o que acontece, seria necess�ria maior presen�a jornal�stica, enquanto a crise no setor, pelo contr�rio, reduz os recursos.
Ele alertou que o vazio est� sendo preenchido por jornalistas ligados a organiza��es n�o governamentais ou mesmo �rg�os de intelig�ncia e n�o passam de "rela��es p�blicas, pura propaganda".
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Da esq. para a dir.: James Harkin, Mayte Carrasco, Patr�cia Campos Mello e Jo�o Wainer |
Carrasco, que escreve para "El Pa�s", "La Naci�n" e outros, foi pela mesma linha, acrescentando que "o jornalismo cidad�o n�o existe; ningu�m vai ao m�dico e pede um m�dico cidadāo". Ela disse que o jornalismo profissional, na S�ria e em outros conflitos, enfrenta viol�ncia e sequestros como n�o acontecia antes em coberturas de guerra. Os jornalistas se tornaram preciosos aos grupos em luta, para trocar por dinheiro ou protagonizar execu��es em v�deo.
A �nica alternativa para quem quer cobrir a guerra � trabalhar "embedded", ao lado de algum dos grupos, o que acaba expondo os jornalistas a mais viol�ncia, disse ela. Carrasco tamb�m sublinhou que a S�ria mostra que os free-lancers, n�o vinculados diretamente a ve�culos, s�o abandonados pelos �rg�os para os quais colaboram, o que ela credita � crise no setor.
O rep�rter especial da Folha Jo�o Wainer, que dirigiu os document�rios "Junho - O M�s que Abalou o Brasil" e "Pixo", abordou o que chama de "guerra n�o declarada na periferia de S�o Paulo". Questionou a maior aten��o dada � repress�o da pol�cia contra manifestantes e jornalistas "na avenida Paulista", em contraste com a falta de cobertura sobre as a��es da mesma pol�cia nos bairros.
"A gente tem uma guerra civil muito perto de casa", afirmou, dizendo que a falta de aten��o, no caso, n�o pode ser creditada � crise do jornalismo profissional. "Eu vou a p� at� o local do conflito. � muito barato." Para ele, o problema da imprensa, no caso, � que "as pessoas est�o anestesiadas" quanto � viol�ncia na periferia.
Questionado pela mediadora, a rep�rter especial e colunista da Folha Patr�cia Campos Mello, sobre a possibilidade de um conflito mais aberto no Brasil, Wainer chamou a aten��o para o Rio de Janeiro. "Depois da Olimp�ada, vai ter problema nos morros", afirmou, detalhando tens�o em v�rias favelas "pacificadas".
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