Retrospectiva: Manifesta��es n�o foram pelos 20 centavos
Quando um grupo de jovens se reuniu no dia 6 de junho na avenida Paulista para contestar o aumento da tarifa de �nibus de S�o Paulo ningu�m poderia imaginar que aquele seria o marco zero da maior sequ�ncia de protestos no pa�s desde o Fora Collor.
Afinal, o MPL (Movimento Passe Livre) fazia ali mais uma de suas manifesta��es, convocadas ap�s o an�ncio de cada reajuste da tarifa –que, neste ano, diga-se, foi abaixo da infla��o. Mas como o ato transformou-se numa explos�o de protestos pelo pa�s? Olhando a cadeia de acontecimentos � dist�ncia � poss�vel observar um fen�meno � �poca invis�vel e levantar hip�teses.
Confira os principais acontecimentos do ano
Jornalistas da Folha falam do ano que acaba e do pr�ximo
No mesmo dia em que o MPL se reuniu na Paulista, pesquisadores do Datafolha estavam nas ruas. O que eles colheram, publicado tr�s dias depois na Folha, mostrava que algo estava fora da curva. A popularidade da presidente Dilma caiu 8 pontos, o primeiro tombo desde sua posse, em 2011. A pesquisa tamb�m detectou um aumento do pessimismo do brasileiro de uma forma geral.
� �poca, ningu�m (jornalistas, cientistas sociais e pol�ticos inclu�dos) ligou uma coisa � outra. O ministro Aloizio Mercadante (Educa��o) chegou a eleger um culpado: o tomate, item que sofrera forte aumento de pre�o. Os famosos cartazes nos atos seguintes evidenciaram essa grande e silenciosa insatisfa��o, que encontrou no aumento da tarifa, que tem efeito sobre grande parcela da popula��o, o catalisador perfeito. "N�o era pelos 20 centavos", dizia um deles.
Tamb�m n�o h� d�vida de que os governos deram sua contribui��o ao reprimir violentamente alguns protestos, ap�s atos de vandalismo, principalmente em S�o Paulo e no Rio de Janeiro, despejando gasolina na fogueira.
� poss�vel distinguir ao menos tr�s fases de protestos. A primeira teve foco na tarifa e reuniu majoritariamente estudantes. A segunda –com forte apoio popular e mais ef�mera– arrastou multid�es contra a baixa qualidade dos servi�os p�blicos, a corrup��o, a pol�cia e tudo o mais.
Por fim, restaram as "manifesta��es" mais radicais, j� sem o apoio da maioria da popula��o, marcadas pela quebradeira dos adeptos da t�tica "black bloc". Num balan�o de "conquistas das ruas" h� muito o que enumerar.
Talvez a maior delas tenha sido impor � classe pol�tica a sensa��o de estar sob constante vigil�ncia. A pergunta agora �: haver� protestos na Copa? � prov�vel que sim, mas dificilmente veremos algo na mesma propor��o. O gigante, por ora, voltou a adormecer.
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