Fazendeiro � condenado a 30 anos pela morte de Dorothy Stang
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado no final da noite de quinta-feira (19) a 30 anos de pris�o pela morte da mission�ria norte-americana Dorothy Stang, em 2005. O advogado do r�u disse que vai informar o Tribunal nesta sexta-feira que tem interesse em recorrer da decis�o.
O julgamento de ontem foi o quarto pela mesma acusa��o. Nos tr�s julgamentos anteriores, Bida foi absolvido uma vez e condenado duas vezes. No �ltimo, em 2010, Bida foi condenado a 30 anos de pris�o, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou o julgamento em maio deste ano, sob o entendimento de que a defesa do fazendeiro havia sido cerceada.
A defesa de Bida investiu em dois elementos para tentar convencer o j�ri de sua inoc�ncia: o depoimento de um ex-policial federal que investigou a morte de Dorothy e um documento in�dito que provaria que um delegado de pol�cia forneceu a arma do crime.
Ricardo Lima / TJPA | ||
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Juiz Raimundo Flexa preside o j�ri de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado pelo assassinato de Dorothy Stang |
Bida era dono de um lote de terra em Anapu (a 766 km de Bel�m) visado por Dorothy para a cria��o de um assentamento.
Cinco pessoas s�o acusadas de participar do crime: al�m de Bida, Regivaldo Galv�o, o Tarad�o, tamb�m foi condenado como mandante, mas foi solto por for�a de habeas corpus em 2012.
Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista foram condenados, respectivamente, como autor e coautor do homic�dio. Amair Feijoli, o Tato, foi acusado de ser o intermedi�rio entre os executores e os mandantes.
O JULGAMENTO
Em depoimento no julgamento, Bida negou ter pago R$ 50 mil pela morte da mission�ria. Disse ter se surpreendido ao ouvir de Rayfran a confiss�o da morte. Outra testemunha da defesa, funcion�ria do fazendeiro � �poca, refor�ou a vers�o.
Rayfran tamb�m dep�s e inocentou Bida --disse ter sido coagido pela pol�cia � �poca do crime para apontar o fazendeiro como mandante.
Tato, condenado como intermedi�rio no caso, refor�ou a tese da inoc�ncia e disse n�o se lembrar do depoimento, em troca de dela��o premiada, em que afirmou que Bida e Tarad�o ofereceram R$ 50 mil em troca da morte da mission�ria.
Francisco Cardoso dos Santos, amigo e vizinho de Dorothy, tamb�m testemunhou pela defesa e afirmou desconhecer atrito entre a mission�ria e Bida.
O depoimento considerado chave pelos advogados de Bida, do ex-agente da Pol�cia Federal Fernando Luiz Raiol, foi realizado ainda pela manh�. Raiol disse que participou das dilig�ncias que levaram � pris�o de Rayfran e Clodoaldo nos dias seguintes � morte de Dorothy e que, tendo conversado com os pistoleiros, n�o ouviu men��o a mandantes do crime.
Tamb�m pela manh� depuseram testemunhas arroladas pela Promotoria. A freira Roberta Lee Spires, conhecida como irm� Rebeca, falou das atividades desenvolvidas por Dorothy Stang com os PDS (Projetos de Desenvolvimento Sustent�vel) e do impacto que causavam na regi�o, marcada pelo conflito fundi�rio.
O delegado Waldir Freire, que presidiu o inqu�rito, reafirmou a validade das investiga��es policiais que apontaram Bida e Tarad�o como mandantes. O servidor do Incra Bruno Kenter falou sobre grilagem (apropria��o ilegal) de terras na regi�o e da milit�ncia de Dorothy pela desapropria��o das �reas de conflito para a reforma agr�ria.
O promotor Edson Souza reafirmou que Dorothy foi morta em um crime encomendado por Bida e Tarad�o. "O que a defesa trouxe como fatos novos s�o, na verdade, dados inconsistentes que podem, inclusive, auxiliar em uma nova condena��o", disse.
Os advogados de Bida se disseram confiantes na absolvi��o. "Os depoimentos mostram que houve uma opera��o para incriminar o Bida", afirmou o advogado Eduardo Imbiriba.
A previs�o era que a senten�a fosse divulgada na madrugada desta sexta-feira (20).
O CRIME
O assassinato de Dorothy Stang, de repercuss�o internacional, foi motivado por disputa de terras, segundo a acusa��o.
A mission�ria foi assassinada aos 73 anos em 12 de fevereiro de 2005, com seis tiros disparados � queima-roupa por Rayfran, que estava acompanhado por Clodoaldo.
O crime ocorreu em uma estrada de terra de Anapu (766 km de Bel�m) pr�xima a um lote pertencente a fazendeiros que Dorothy queria para transformar em assentamento rural.
Rayfran e Clodoaldo trabalhavam para Tato, que tinha um peda�o de terra naquele lote.
Tato comprou sua terra de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida. Este, por sua vez, comprou de Regivaldo Pereira Galv�o, o Tarad�o.
Os dois foram condenados como mandantes da morte, mas negam envolvimento com o crime.
Rayfran deixou o regime fechado neste ano, e cumpre pris�o domiciliar. Tato cumpre pena em regime fechado, e Clodoaldo permanece foragido.
Bida est� preso, e Tarad�o foi solto por um habeas corpus em agosto do ano passado.
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