Leitora de 70 anos não abre mão de um bom vinho e cita coleção de cachaças

Assinantes contaram para a Folha como o álcool afeta suas vidas

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São Paulo

"Está na maior parte do meu lazer", diz o empresário Fernando Rodrigues Assumpção, 52, de Bertioga (SP), sobre a presença do álcool em sua rotina. A Folha perguntou aos leitores de que forma as bebidas alcoólicas afetam suas vidas e as respostas foram variadas, indo desde a superação da timidez até o histórico de dependentes químicos na família.

No caso do analista ambiental Nicolas Bernardo, 24, de Rio Claro (SP), o álcool é um bom mecanismo de socialização. "Sou uma pessoa extremamente insegura e tímida, bebidas alcoólicas em doses baixas me deixam mais tranquilo e mais sociável, felizmente consigo me controlar e bebo o suficiente para entender a que ponto ele me faz bem e me faz mal."

O debate entre os assinantes do jornal se intensificou após coluna de Drauzio Varella, "Álcool não faz bem ao coração", na qual o médico apresenta estudos mais recentes que indicam que, mesmo com o consumo consciente e moderado, pode aumentar as chances de desenvolver câncer, especialmente nas mulheres.

Taça de vinho da empresa de Murilo Rodrigues, 51, sócio-fundador da Wine2Go - Jardiel Carvalho - 19.dez.22/Folhapress

Foi após ler o texto do colunista, inclusive, que Jefferson Vieira, 58, de São Paulo, refletiu sobre seus hábitos e resolveu maneirar.

"Tenho tomado álcool ao menos 4 dias da semana. Se encontro um amigo, bebo. Se está calor, bebo. Se está frio, bebo. Ou seja, o álcool passou a fazer parte da minha alimentação! Pela primeira vez em não sei quantos anos, não bebi no meu aniversário e pretendo diminuir bem o consumo para não dar mais chance ao azar."

Observando o exemplo dos pais desde criança, Johel Souza Filho conta que cresceu sem sentir necessidade ou curiosidade de beber. Para ele, não é algo que faz falta e defende que amizades verdadeiras não dependem dessa substância para existir. "Mas sentiria muito se tivesse que ficar sem suco de laranja ou sem leite com café", diz o leitor de 61 anos que mora em Araraquara (SP).

A médica Fabiana Seppe Laforga, 55, de São Paulo, condena aqueles que bebem exageradamente e reflete sobre histórico na família. "Tive um tio alcoólatra que impactou a minha infância. Morreu pelo alcoolismo, inclusive."

Hoje com 70 anos, Beatriz Pianalto, de Palmas (TO), analisa seu histórico com drinques, que começou na adolescência com um gim fizz, evoluiu para a cerveja quando tinha 20 anos, passou por uma fase com uísque e hoje não abre mão do vinho ao anoitecer e da cachaça antes do almoço.

A leitora tem uma coleção de cachaças (de arnica, murici, jalapa e cajuim, cita), mas não deixa de fazer acompanhamento médico. "Até o momento, meu fígado ainda está disposto a receber o aditivo alcoólico. Amém!"

Até o momento, meu fígado ainda está disposto a receber o aditivo alcoólico. Amém!

Beatriz Pianalto

de Palmas (TO)

Um ano mais velho que Beatriz, o leitor Arnaldo Tadeu Guimarães está há 12 meses sem beber. "Entendo que a bebida alcoólica deveria ser somente para jovens. Álcool zero para os idosos", escreve, de Belo Horizonte (MG).

Alguns dizem saber o limite do que faz bem, como é o caso da geógrafa Maria Angela Cabianca, 63, que só bebe em celebrações com amigos e familiares, mas não ultrapassa duas doses para evitar dores de cabeça e náuseas. Para a professora Luana Cunha de Andrade, 38, o efeito da bebida é ilusório. "Me traz uma falsa sensação de prazer e liberdade."

O empreendedor André Gouvêa, 45, que mora em Nova York há 20 anos, e não bebe há 10, diz que a abstenção é comum na cidade. Sua relação com o álcool agora é só observar seus amigos ficarem mais descontraídos. "Continuo frequentando bares e festas, mas sempre bebendo coquetéis não alcoólicos."

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