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Maioria paulistana mostra repelir radicalismo

Datafolha aponta que rejeição a Marçal, em vez de cair, é de 47% após cadeirada; Boulos, com 38%, tenta suavizar imagem

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Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB), candidatos à Prefeitura de São Paulo - Divulgação/Zanone Fraissat e Ronny Santos/Folhapress

O Datafolha divulgado nesta quinta (19) mostra um quadro estacionado nas intenções de voto para prefeito de São Paulo. Oscilações mínimas, dentro da margem de erro, indicam que a movimentação apurada na semana passada deu lugar a uma acomodação.

A pesquisa também sugere que a deplorável agressão de José Luiz Datena (PDSB) contra Pablo Marçal (PRTB), no debate de domingo (15) na TV Cultura, não interferiu na preferência do eleitorado.

Note-se, no entanto, que provocador e agressor tiveram seus índices numéricos de rejeição elevados, ainda que sem denotar estatisticamente subida. O alerta parece ter valido para a dupla, que se comportou melhor no encontro desta sexta (20) no SBT.

Selvageria, bravatas e radicalismos de fato não parecem iludir a maioria dos cidadãos que irão às urnas no próximo dia 6. Quatro candidatos dividem 80% das intenções de voto na capital, sendo que nenhum deles atinge 30%.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) não conseguiu elevar o índice de aprovação de seu governo para níveis que poderiam lhe dar conforto na disputa. Apesar de ter contado com rara folga orçamentária para gastos na sua gestão, além de deter o maior arsenal da propaganda legal, quase metade dos paulistanos avalia a administração como regular.

Essa aparente indiferença dos munícipes em relação ao prefeito torna-se um trunfo relativo da candidatura à reeleição quando ela é cotejada com as de seus adversários diretos. Nunes se consolida como o contendor mais forte num eventual segundo turno, seja contra Guilherme Boulos (PSOL), seja contra Marçal.

A rejeição ao histriônico guru da autoajuda não para de subir. Na rodada mais recente, 47% dos eleitores afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum.

No caso do candidato do PSOL, a sua elevada rejeição (38%) parece cristalizada, pois não se distancia dessa faixa há semanas —a despeito do esforço para suavizar a imagem de Boulos, que já foi a culto evangélico, deixou de bajular a ditadura venezuelana e até disse que fará reintegração de posse em terreno invadido.

É curioso como Boulos e Marçal refletem situação invertida na demografia da rejeição por gênero. Entre as mulheres, a recusa a votar no ex-coach atinge 53%, enquanto o concorrente do PSOL é repelido por 46% dos homens.

Nunes, que dos três é o que está mais próximo do centro do espectro ideológico, tem também a menor rejeição no público masculino (21%). Ele hoje corre mais riscos de não ir ao segundo turno do que, se lá chegar, de perder.

Movimentações recentes do prefeito na direção de abonar ideias lastimáveis dos radicais do bolsonarismo podem colocar esse equilíbrio a perder.

A maioria do eleitorado paulistano quer distância dos extremos. Para a populosa fatia que decidirá a disputa, a cidade e seus problemas são bem mais importantes do que a verborragia inconsequente dos demagogos.

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