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Dilema universitário

Instituições dos EUA devem proteger a livre expressão e coibir antissemitismo

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Policiais fazem segurança durante manifestação de apoio a palestinos em frente à Universidade Columbia, em Nova York (EUA) - Spencer Platt - 18.abr.24/Getty Images via AFP

Universidades de elite americanas estão num impasse desde o ataque do Hamas a Israel. De um lado, está a liberdade de expressão; do outro, o combate ao racismo.

Isso porque há relatos de que, nos protestos de apoio ao povo palestino realizados recentemente em algumas instituições de ensino, proliferam discursos antissemitas —apesar da presença de alunos judeus nas manifestações.

Na Universidade Columbia (Nova York), por exemplo, as aulas presenciais foram suspensas para garantir segurança. Já militantes dizem que os ataques racistas são casos isolados perpetrados por pessoas externas ao movimento.

A lei americana, de fato, protege um conceito amplo de liberdade de expressão, que inclui até mesmo a permissão para passeatas nazistas. Mas universidades também seguem normas éticas de conduta.

Nos último anos, tais normas tornaram-se mais rígidas com a ascensão do identitarismo, que imputa discurso de ódio muitas vezes de modo indiscriminado.

Segundo a Fire (Foundation for Individual Rights and Expression), que monitora a liberdade de expressão no meio acadêmico dos EUA, entre 2000 e 2022, foram registradas 1.080 tentativas de punir professores a partir de suas falas, das quais 65% resultaram em penalidades. De 2020 a 2022, foram 509.

Ademais, as instituições têm sido pressionadas pelo Congresso e por investidores para coibir firmemente o preconceito contra judeus.

Assim, tornou-se inevitável que as universidades decidissem conter o antissemitismo, em detrimento da liberdade de expressão.

Estima-se em 250 o número de detenções, inclusive de professores, realizadas nos últimos dias em instituições de ensino pelo país.

É temerário que a força policial seja acionada para reprimir protestos em universidades, ambiente por excelência do pensamento crítico e livre. Do mesmo modo, a academia precisa rechaçar qualquer forma de racismo.

O ideal, claro, seria que as manifestações legítimas de apoio aos palestinos não fossem contaminadas pelo antissemitismo. Por ora, entretanto, as universidades vivem um dilema de difícil solução.

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