Há uma decisão a ser tomada em Brasília com potencial para rearranjar boa parte do tabuleiro político. Ela diz respeito à seguinte pergunta: o presidente Lula (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) vão se enfrentar ou vão renovar a parceria por mais dois anos?
O enredo passado é conhecido.
Apesar da apertada vitória sobre Jair Bolsonaro (PL), a esquerda elegeu pouco mais de 100 das 513 cadeiras da Câmara. Logo, Lula adotou a única decisão aparentemente sensata no rumo da governabilidade e apoiou de cara a reeleição de Lira para o comando da Casa em fevereiro de 2023.
Não foi uma escolha trivial. Lira chefia o direitista centrão e conduziu não só a tropa que deu sustentação política a Bolsonaro como trabalhou para reelegê-lo.
Lira e o centrão, como esperado, pularam no barco do novo governo. É da vida, é o centrão.
Ocorre que um governo Lula com um presidente da Câmara do PT ou da esquerda é uma coisa (Lula conseguiu isso em boa parte de seus dois primeiros mandatos), outra é um governo Lula com o centrão dando as cartas no Legislativo.
O petista e seus articuladores políticos sentiram isso na pele em 2023.
Em fevereiro de 2025 há a eleição para a sucessão de Lira, que não pode mais disputar o cargo.
Há um sonho de petistas de cozinhar o presidente da Câmara em banho-maria até o fim do ano e, então, jogar todas as fichas em um candidato mais palatável.
Não do PT, não há chance para isso, mas alguém que tope devolver ao governo a gerência da maior parte das bilionárias emendas parlamentares. Isso ficou a cargo de Lira e de seus aliados no governo Bolsonaro e, sob Lula, é motivo das perenes desavenças Planalto-Câmara.
Como Lira não é principiante, busca convencer os pares de que eleger um sucessor de sua confiança —o amigo Elmar Nascimento (União Brasil-BA)— é o melhor para manter o modelo.
O encontro entre Lula e Lira na última sexta serviu para zerar o jogo até aqui. A partida, porém, só termina daqui a um ano.
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