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Desafios da longevidade

Governos precisam criar políticas que se antecipem à alta de casos de demência

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Idosos jogam dominó em centro de convivência, em São Paulo (SP) - Eduardo Knapp/Folhapress

Segundo a Organização das Nações Unidas, 9,6% dos 8 bilhões de habitantes do planeta têm mais de 65 anos e, em 2050, serão 16,5% de 9,7 bilhões. Tal processo de envelhecimento da população provoca impacto direto no sistema de saúde, e governos precisam se antecipar aos desafios vindouros.

Dentre as mazelas que atingem os idosos, destacam-se as síndromes que causam déficit progressivo na função cognitiva. Mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Em 2050, serão cerca de 140 milhões.

No Brasil, pesquisa da Associação Brasileira de Alzheimer, com dados de 2019, aponta 1,7 milhão de brasileiros com algum tipo de demência —55% dos casos são de doença de Alzheimer. Em 30 anos, projetam-se mais de 5,5 milhões.

Evidências mostram que a prevenção exige políticas interdisciplinares de médio e longo prazo.

Cerca de 40% dos casos de demência poderiam ser evitados por meio de ações mirando 12 pontos: educação (antes dos 45 anos), hipertensão, obesidade, perda auditiva, traumatismo cranioencefálico, abuso de álcool, tabagismo, depressão, sedentarismo, isolamento social, diabetes e poluição do ar (acima dos 65 anos).

Especialistas apontam que o primeiro gargalo no Brasil é o diagnóstico: tardio e precário na abrangência, principalmente do Alzheimer.

O tratamento também é multifatorial e não se restringe à terapia medicamentosa. Envolve, além de neurologistas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, cuidadores, reabilitação e cuidados paliativos.

O custo social das demências é elevado. O gasto médio no tratamento de um paciente é de US$ 1.379 por mês (R$ 6.798, segundo a cotação mais recente).

Ademais, a síndrome também afeta a família, notadamente as mulheres —9 em cada 10 cuidadores informais são do sexo feminino, de acordo com pesquisa do ambulatório de geriatria da Unesp.

Dentre os responsáveis pelo cuidado do paciente, 62,2% relatam sofrer com algum transtorno psicológico, como depressão e ansiedade. No curto prazo, é preciso criar uma rede de apoio para as famílias.

Políticas públicas que se antecipem ao aumento de casos de demência devem se basear não apenas em fatores propriamente médicos mas também em ações de combate à desigualdade social —a baixa escolaridade, por exemplo, é o principal fator de risco da doença.

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