Uma ambição fundamental da presidência da Indonésia no G20 é clara: queremos fazer mudanças duradouras na arquitetura global da saúde para que possamos prevenir, preparar e responder melhor às crises globais coletivamente.
Quando consideramos as vulnerabilidades que a Covid-19 expôs em nossos sistemas de saúde e em nossas economias, é óbvio que precisamos repensar a maneira como abordamos a prevenção, preparação e resposta à pandemia, de um modo a refletir a interdependência entre saúde e finanças.
Por conseguinte, ministros dessas áreas dos estados membros do G20 se reuniram sob a Força-Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde (JFHTF), com o objetivo de identificar e eliminar a lacuna financeira necessária para responder adequadamente às emergências. Estima-se que essa ação demandaria cerca de US$ 10 bilhões por ano, recursos de que carecem sobretudo os países de renda baixa-média.
Temos o orgulho de anunciar que, em 30 de junho, o Banco Mundial aprovou a criação do Fundo Intermediário Financeiro (FIF), iniciado pelo G20 para mobilizar recursos coletivos para o enfrentamento da pandemia.
O fundo fornecerá financiamento para fortalecer a capacidade nacional, regional e global em áreas como vigilância de doenças, sistemas laboratoriais, força de trabalho de saúde, envolvimento da comunidade e comunicação e gestão de emergências.
Começamos de forma encorajadora. Arrecadamos quase US$ 1,1 bilhão antes mesmo de o fundo ser estabelecido, graças a compromissos financeiros de vários países e organizações. Ainda temos, porém, um longo caminho a percorrer para alcançar todos os objetivos pretendidos.
Em primeiro lugar, pedimos a mais estados membros do G20 que façam contribuições financeiras ao FIF para suprir a carência global de verba. Em um momento de crise global de custo de vida, isso parece uma tarefa difícil.
Todavia, com base em nossa experiência com a Covid-19, fica claro que um compromisso financeiro inicial para investir na saúde futura de nossos cidadãos é uma gota no oceano em comparação ao impacto econômico negativo de uma futura pandemia.
Em segundo lugar, queremos enfatizar que o FIF é um fundo adicional, não deve desviar nenhuma contribuição financeira de outros projetos e programas globais de saúde. O fundo precisa ser eficiente e ágil para atender às múltiplas necessidades dos países, para que todos possamos cuidar melhor de nossos cidadãos quando, e não se, enfrentarmos a próxima emergência global de saúde.
Terceiro, o G20 deve encontrar o equilíbrio certo ao concordar com a governança adequada do FIF. Esperamos contar com a experiência da Organização Mundial da Saúde para aconselhar sobre a melhor forma de gastar o dinheiro. Devemos também garantir uma representação regional equilibrada, com países de renda baixa-média participando da gestão do FIF.
Quarto, precisamos reconhecer que este fundo, por si só, não é uma bala de prata. Faz parte de uma gama mais ampla de iniciativas que a presidência indonésia da agenda de saúde do G20 está trabalhando para implementar.
Nossas metas vão em múltiplas direções: melhorar a coordenação global de contramedidas de emergência durante crises de saúde; fortalecer o monitoramento global de patógenos; tornar as viagens internacionais mais seguras e eficientes; garantir que as vacinas sejam fabricadas e distribuídas de forma mais equitativa.
Uma expressão comum repetida durante o início da pandemia foi "os vírus não conhecem fronteiras". Isso é verdade, e é exatamente por isso que nossos esforços para prevenir, preparar e responder a futuras pandemias também não devem conhecer fronteiras.
Imploramos aos nossos colegas nos estados membros do G20 para que invistam em nossa saúde coletiva e continuem pressionando pelo progresso, para que assim possamos nos recuperar juntos e nos tornarmos mais fortes.
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.