Ao longo da história vemos que marcos cronológicos são adotados para mostrar a relevância de temas que absorvem problemas contemporâneos, como a intolerância. Nesta quinta-feira (27), o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto desperta nossa consciência de como e quão vital é continuar a combater o antissemitismo e preservar a memória do Holocausto.
Há pouco tempo a TV brasileira mostrou, em documentário e em minissérie, o exemplo de coragem de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa: funcionária do consulado brasileiro em Hamburgo, na Alemanha, que facilitou a concessão de vistos para que judeus alemães pudessem vir para o Brasil.
A Noite dos Cristais, o violento ataque a propriedades de judeus perpetrado pelos nazistas em 9 de novembro de 1938, fez com que a procura por vistos aumentasse. Aracy, compadecida pela já alarmante situação, empenhou-se ainda mais em ajudar os judeus a saírem do país.
Por sua atuação, Aracy foi homenageada pelo Yad Vashem (Memorial do Holocausto) com o título de "Justa entre as Nações", honraria concedida a não judeus que se arriscaram para salvar judeus do nazismo. Outro brasileiro que recebeu essa insígnia foi o diplomata Luiz Martins de Souza Dantas. A minissérie que trouxe a história de Aracy registrou 10 pontos de audiência (cada ponto correspondia, em 2021, a 205 mil pessoas na Grande São Paulo), segundo o Ibope. Parece inviável não acreditar que o enredo tocou, de algum modo, o telespectador.
No ano passado, na data em que é relembrada a Noite dos Cristais, o Brasil passou a integrar a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA) na condição de observador. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a diplomacia brasileira promoverá educação e pesquisa sobre o Holocausto e irá se debruçar na luta contra a intolerância, o racismo e a discriminação.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) nomeou o advogado Fernando Lottenberg para o posto de comissário e, como tal, ele terá como uma das suas preocupações iniciais implementar a definição de "antissemitismo" nos países da região.
Exercitar a memória e promover políticas que incentivem o esclarecimento da população acerca do que significou o Holocausto fazem parte do escopo de trabalho do Congresso Judaico Latino-Americano.
Neste ano comemoramos o bicentenário da Independência do Brasil, um país que nos recebeu e acolheu —e no qual estamos perfeitamente inseridos na sociedade.
No Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, o Congresso Judaico Latino-Americano, através da minha pessoa, ratifica, em memória aos milhões de vítimas dos nazistas e seus colaboradores e daquelas que ainda sofrem pelas mãos de seus algozes, o seu firme e inabalável propósito de lutar contra a intolerância, seja ela de qualquer espécie, e reafirma seu desejo de paz e cordialidade entre os povos.
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