Personagem sinistro da política nacional, condenado pela Justiça por envolvimento em esquemas de corrupção, Roberto Jefferson tem se notabilizado nos últimos tempos pela adesão ao radicalismo golpista que insufla a ala mais extremada do bolsonarismo.
Em manifestações nas redes sociais, o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) dedica-se a pronunciamentos e encenações bizarras nos quais empunha armas, ofende adversários e incentiva ataques a magistrados, tribunais e instituições democráticas.
Tais espetáculos levaram a Polícia Federal a solicitar a prisão preventiva do ex-deputado, no âmbito da investigação sobre suposta organização criminosa digital, aberta em julho pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após o procurador-geral da República, Augusto Aras, pedir o arquivamento de inquérito sobre atos antidemocráticos.
Moraes acatou o pedido de prisão. Na quinta-feira (12), depois de tomar ciência da medida, Lindôra Araújo, subprocuradora-geral da República, afirmou que o STF não seria o foro competente para analisar a representação policial, uma vez que Roberto Jefferson não exerce cargo público que se enquadre em tal prerrogativa.
A Procuradoria entendeu, ainda, de maneira enviesada, que a prisão serviria para evitar novas postagens, o que redundaria em cerceamento à liberdade de expressão.
Na visão de Moraes, que listou indícios de mais de dez crimes nas atitudes de Jefferson, o político divulgou vídeos e mensagens com o “nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao TSE e ao seu presidente”.
Considerou também que “o representado pleiteou o fechamento do Supremo Tribunal Federal, a cassação imediata de todos os ministros para acabar com a independência do Poder Judiciário, incitando a violência física contra os ministros, porque não concorda com os seus posicionamentos”.
A decisão controversa do magistrado, desafeto dos bolsonaristas, se inscreve num quadro de agudo conflito institucional estimulado pelas omissões da PGR em temas contrários aos interesses da Presidência da República e fomentado pela incessante, ameaçadora e inadmissível atuação de Jair Bolsonaro para desacreditar o processo eleitoral e a Justiça.
Pressionado pelo desgaste de sua popularidade, questionado pelas investigações da CPI da Covid e forçado a recorrer a negociatas políticas que condenava em sua campanha eleitoral, o presidente extrapola em ameaças golpistas e atua como um fator de instabilidade e estresse institucional. É tudo de que o país não precisa.
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