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Priscila Cruz: Educação já!

Vivemos uma eterna frustração que se perpetuará enquanto não priorizarmos a educação pública 

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Aos que pretendem se candidatar nas eleições deste ano, um recado: se você é pela família, pela sustentabilidade, pela justiça social, pelo crescimento econômico, pelo emprego e pela renda, contra o crime, seja qual for a sua bandeira, você é e tem que ser pela educação. Caso contrário, tudo é promessa vazia.

Educação não é apenas importante, mas uma exigência para nossa sobrevivência, como indivíduos e como nação. É a condição mais urgente para a reconstrução do país.

Sala de aula do Colégio Agostiniano Mendel, na zona leste de São Paulo
Sala de aula do Colégio Agostiniano Mendel, na zona leste de São Paulo - Diego Padgurschi/Folhapress

Neste ano vamos escolher de que lado realmente estamos. Gerações passadas optaram por uma série de estratégias com vistas ao desenvolvimento do Brasil, porém com resultados muito limitados e insuficientes para promover crescimento sustentável, distribuição maior de renda, menos violência e corrupção, mais saúde e uma democracia mais forte.

Tentamos vários caminhos, sempre evitando investir em nossa gente. Será que não acreditamos em nós mesmos? Sim, claro, a economia tem que funcionar, ajustes e reformas precisam ser feitos, a infraestrutura necessita avançar, as instituições devem rumar para o caminho da solidez.

Qual o alcance disso tudo, contudo, sem pessoas preparadas, sem inovação, sem conhecimento ampliando-se e disseminando-se?

É o que vivemos: uma eterna frustração, que se perpetuará enquanto não priorizarmos a educação pública de qualidade para todos.

A nosso favor, por incrível que pareça, está o fato de vivermos uma profunda crise de múltiplas dimensões. Países que colocaram a educação no centro de seu projeto de nação fizeram-no porque também estavam em crise: a Austrália, depois do enfraquecimento da Commonwealth; a Finlândia, a partir do esfacelamento da União Soviética; a Coreia do Sul e a Polônia, após as duas grandes guerras e, mais recentemente, Portugal, em decorrência de sucessivas crises econômicas.

Além de posicionarem o ensino como eixo principal de seus projetos de desenvolvimento social e econômico, esses países escolheram bem suas metas educacionais, fizeram um planejamento de longo prazo e colocaram em prática suas políticas.

Isso se nota não apenas nesses casos, como também no de algumas cidades e Estados brasileiros capazes de mudar o patamar de qualidade em muito menos tempo. Não é necessário esperarmos décadas para darmos o salto: bastam três gestões, 12 anos, para uma revolução na educação brasileira. E ela precisa começar agora.

O Brasil já conta com um programa de metas, o Plano Nacional de Educação, mas ele não é, e nem deveria ser, um planejamento estratégico. Os governos carecem de uma perspectiva de longo prazo que atravesse gestões.

Para avançarmos precisamos do sequenciamento correto das políticas, progressividade e a condição mais importante excelência na implementação, para que essas diretrizes cheguem à sala de aula e, de fato, a melhorem.

O desenvolvimento social e econômico que almejamos não pode ser alcançado sem educação não apenas como propulsora de uma nação à altura do protagonismo que deveria exercer, mas como fio condutor de histórias de vida menos cruéis, apartadas, ceifadas por um destino selado muitas vezes em seus primeiros anos.

A narrativa que queremos contar no futuro é outra: a de uma geração que mudou o rumo da nação, que resolveu confiar nos brasileiros para a construção de um país melhor para todos.

O que pode unir essa nação dividida é a certeza de que a educação pode ser a propulsora de um novo tempo. Sem retórica inflamada ou salvacionista, mas com ações vigorosas, corajosas e efetivas. Aos que pretendem se candidatar às eleições deste ano, educação já!

PRISCILA CRUZ é mestre em administração pública pela Harvard Kennedy School (EUA) e fundadora e presidente-executiva do movimento TodosPela  Educação

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