Biomassa como energia sustent�vel
Pierre Duarte/Folhapress | ||
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Trator movimenta farelo de cana para queima em usina termel�trica no interior de SP |
A despeito de Donald Trump, o Acordo de Paris constitui um marco hist�rico que encaminha inevitavelmente o mundo para uma economia de baixo carbono, uma vez que se trata de um bom neg�cio por criar oportunidades e mercados para novas tecnologias.
Por mais que se estimulem processos inclusivos, participativos e transparentes –como o chamado Di�logo Talanoa, sugerido pelo presidente da COP-23 (Confer�ncia da ONU sobre Mudan�as Clim�ticas, que vai at� o dia 17, em Bonn, na Alemanha)–, dificilmente ser� por essa via que chegaremos a uma redu��o significativa de emiss�es de carbono coletiva.
Nesse sentido, paralelamente �s solu��es tecnol�gicas, inova��es na �rea de financiamento tamb�m est�o em curso. Precifica��o, mercado e taxa��o de carbono v�m sendo discutidos no mundo todo por meio de experi�ncias piloto.
Das dez maiores economias mundiais, sete j� atribuem valor ao carbono, seja em mecanismos de mercado, seja em taxa��o direta, cobrindo mais de 12% das emiss�es globais de gases de efeito estufa.
O com�rcio de emiss�es da China, previsto para 2020, mas com inten��o de ser antecipado, ultrapassar� a Uni�o Europeia como a maior iniciativa mundial de pre�os de carbono. Com isso, o valor anual de implementa��o de iniciativas de precifica��o pode passar de US$ 50 bilh�es para US$ 100 bilh�es.
Com isso, in�meras alternativas tecnol�gicas, que hoje n�o s�o vi�veis economicamente, passar�o a s�-lo. Consequentemente, novos mercados e modelos de neg�cio surgir�o. Neste cen�rio, um mercado certamente promissor ser� o de emiss�es negativas, ou seja, um balan�o de carbono em que o total que � capturado e sequestrado � superior ao emitido.
Isso ser� necess�rio para que se mantenha o aumento de temperatura m�dia do planeta em no m�ximo 2 graus no fim deste s�culo, uma vez que mesmo uma redu��o dr�stica de carbono n�o ser� suficiente.
Neste momento, a biomassa passa a ter um valor estrat�gico adicional em sua cadeia de valor. Isso � poss�vel por meio da gera��o de energia el�trica com biomassa e posterior captura e armazenagem geol�gica permanente do carbono emitido, o BioCCS (sigla em ingl�s para Bio-Energy Carbon Capture and Storage).
Isso tem grande valor para o Brasil, pois, mesmo tendo uma matriz el�trica de baixo carbono, j� ocorre o esgotamento de aproveitamentos hidroel�tricos com reservat�rios.
A gera��o de energia el�trica, e�lica e solar sofre com alta variabilidade e baixa previsibilidade, tendo dificuldade, portanto, de atender � totalidade da expans�o de oferta de eletricidade.
As termoel�tricas a biomassa t�m grande potencial de expans�o e maior previsibilidade entre as renov�veis. O Brasil j� liderou o setor de bioenergia por conta do emprego do etanol em motores veiculares e perdeu essa posi��o para os EUA, hoje o maior produtor de etanol.
Desta maneira, a possibilidade de gerar energia el�trica com biomassa poder� trazer novamente o pa�s para uma posi��o de destaque, especialmente se, aliados � gera��o el�trica, forem inclu�dos o sequestro e o armazenamento do carbono gerado na queima.
Emiss�es negativas de carbono se apresentam, assim, como um novo neg�cio para as empresas de gera��o de energia el�trica no Brasil, promovendo lideran�a nacional nessa tecnologia.
O emprego de BioCCS colocaria o Brasil em uma posi��o estrat�gica no esfor�o de combater as mudan�as clim�ticas e nos futuros mercados de carbono internacionais, al�m dos benef�cios para o desenvolvimento tecnol�gico nacional.
SUZANA KAHN, professora associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), � presidente do Comit� Cient�fico do Painel Brasileiro de Mudan�as Clim�ticas (PBMC)
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