Michael Kapps
Por um sistema de sa�de sustent�vel
Conforme estudo recente do "Journal of the American Medical Association", os Estados Unidos gastaram US$ 3,2 trilh�es em sa�de ao longo de 2016. Convertidos, s�o cerca de R$ 10 trilh�es, praticamente o dobro do PIB brasileiro.
No ranking das doen�as que demandaram mais gastos, diabetes ocupa o primeiro lugar, com US$ 101 bilh�es. Empatadas em segundo est�o as doen�as cardiovasculares e as dores nas costas e pesco�o, com US$ 88 bilh�es cada uma.
Alguns outros dados da pesquisa dizem muito sobre como aquela popula��o tem lidado com os cuidados relacionados � sa�de.
Os gastos com diabetes e dores nas costas cresceram 6%, muito mais que os de doen�as cardiovasculares (0,2%). Quase 40% da verba � destinada a pessoas com mais de 65 anos. No entanto, 70% dos gastos com dores nas costas s�o de outros grupos que n�o idosos.
Essas estat�sticas refletem que os custos de sa�de tendem a aumentar n�o s� pelo envelhecimento da popula��o mas tamb�m pela persist�ncia de comportamentos nocivos que geram as doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis, como diabetes e hipertens�o.
N�o � � toa que os Estados Unidos apresentam o pior resultado do mundo no quesito retorno sobre investimento na sa�de. Eles gastam muito, mas t�m um dos piores �ndices de expectativa de vida (78 anos) entre os pa�ses ricos -inclusive houve uma queda de 0,2% nesse �ndice em 2016, para homens e mulheres, o que n�o ocorria h� mais de 20 anos.
� poss�vel controlar essa vaz�o financeira? Sim, �. E o governo tem um grande papel a desempenhar, criando novas regulamenta��es e incentivos para resolver os problemas estruturais do sistema de sa�de como um todo.
Um exemplo de l� mesmo, dos EUA, � o Obamacare, criado pelo ex-presidente Barack Obama. O programa oferece incentivos e puni��es para cl�nicas e hospitais atuantes na sa�de p�blica. Pela lei, se essas organiza��es conseguem bons desfechos m�dicos, elas ganham recompensas financeiras, e o governo paga a mais pelo reembolso do servi�o.
J� no Brasil, a realidade � outra. Precisamos investir muito mais em efici�ncia, moderniza��o e digitaliza��o da sa�de. Prontu�rios eletr�nicos, receitas digitais e telemedicina (consultas on-line) s�o algumas alternativas interessantes, eficazes e j� testadas.
O governo federal j� tem projetos para incentivar a digitaliza��o dos atendimentos, mas a realidade ainda � incipiente.
De toda maneira, um sistema de sa�de de fato sustent�vel requer investimento priorit�rio em preven��o. Diabetes, doen�as cardiovasculares e at� dores nas costas podem ser prevenidos por meio de um comportamento saud�vel.
Um bom caminho para isso � fortalecer organiza��es de sa�de p�blica e organiza��es n�o governamentais para impulsionar mudan�as de atitude. Outra estrat�gia promissora � focar na educa��o infantil, criando h�bitos saud�veis o mais cedo poss�vel.
A sa�de demandar�, em todo o planeta, sucessivos aumentos de gastos -os l�deres p�blicos e privados precisam ser criativos para manter a conta azul na ponta da caneta.
MICHAEL KAPPS � economista russo formado na Universidade Harvard (EUA), � cofundador da T�.Na.Hora - S�ude Digital, iniciativa finalista do Pr�mio Empreendedor Social de Futuro 2016.
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