A polícia fez buscas no Ministério da Saúde de Portugal e no maior hospital do país nesta quinta-feira (6), em uma investigação para apurar se os funcionários quebraram as leis ao dar acesso preferencial a um tratamento médico caro para gêmeas nascidas no Brasil cuja família havia buscado ajuda do presidente.
O gabinete do procurador-geral disse em comunicado que as autoridades estavam investigando possíveis crimes de prevaricação no serviço público, abuso de poder e fraude qualificada. As buscas também abrangeram os escritórios da segurança social, outras unidades de saúde e residências particulares.
Não foram identificados os funcionários suspeitos nem discutida qualquer ligação ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
O caso de grande destaque remonta a 2019 e 2020, quando as gêmeas, então com 15 meses, foram tratadas com Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo, no hospital de Santa Maria, em Lisboa, custando ao estado cerca de € 4 milhões (R$ 22,9 milhões, na cotação atual).
O Zolgensma é usado para tratar bebês e crianças pequenas com menos de dois anos com atrofia muscular espinhal, uma doença hereditária rara e grave.
A mãe das gêmeas disse posteriormente em entrevista que, após um médico mostrar relutância em fornecer o medicamento, ela usou seus contatos para acelerar o processo, e que um deles era a nora do presidente.
Rebelo de Sousa confirmou que seu filho entrou em contato com ele sobre a necessidade de tratar as crianças, mas nega qualquer envolvimento no caso.
O tratamento das gêmeas se tornou uma questão tanto pelo gasto público quanto pela preocupação de que possam ter passado à frente de outros pacientes que solicitaram o mesmo tratamento.
O Chega, partido de ultradireita, criticou o presidente e o Ministério da Saúde e criou uma comissão parlamentar para investigar o caso.
Um porta-voz do hospital disse que colaboraria com as autoridades, e um porta-voz da pasta confirmou as buscas, mas se recusou a fornecer mais detalhes.
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