Descrição de chapéu Coreia do Norte Coreia do Sul

Coreia do Sul anuncia suspensão de acordo militar com Norte após envio de balões com lixo

Resultado de reuniões históricas entre os dois países em 2018, pacto já estava enfraquecido desde o ano passado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Seul | AFP e Reuters

A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira (3) que vai suspender um acordo militar com a Coreia do Norte após Pyongyang enviar centenas de balões com lixo pela fronteira e abrir uma crise diplomática com o país vizinho.

Segundo o Conselho de Segurança Nacional sul-coreano, o plano será colocado em pauta para aprovação nesta terça-feira (4).

Balão enviado pela Coreia do Norte com lixo aterrissa sobre um campo de arroz em Cheorwon, na Coreia do Sul - 29.mai.2024/Yonhap via Reuters

Assinado em 2018, o Acordo Militar de 19 de setembro é fruto das históricas reuniões entre as duas Coreias há seis anos e tem o objetivo de reduzir as tensões entre os países. O texto, no entanto, já estava debilitado —no ano passado, Seul o suspendeu parcialmente quando a Coreia do Norte colocou um satélite espião em órbita, ao que o regime de Kim Jong-un respondeu com completo rompimento.

Agora, o conselho disse que recomendará ao governo sul-coreano "suspender com todos os efeitos" o pacto "até que a confiança mútua entre as duas Coreias seja restabelecida".

A paralisação abrirá caminho para Seul realizar treinamentos perto da fronteira e tomar "medidas suficientes e imediatas" em resposta à provocação da última semana da Coreia do Norte, disse o órgão em um comunicado, sem especificar quais seriam essas ações.

Desde que se desvinculou do texto, o Norte implantou tropas e armas em postos de guarda perto da fronteira militar. Ao continuar a cumprir o pacto, disse o conselho, Seul teve "problemas consideráveis na postura de prontidão" de suas Forças Armadas.

O anúncio é o último capítulo de uma crise que começou na semana passada, quando a Coreia do Norte enviou 15 toneladas de lixo por meio de 3.500 balões à Coreia do Sul, segundo declaração do vice-ministro da Defesa norte-coreano, Kim Kang-il, no último domingo (2).

Provocações entre os dois países são comuns —desde o armistício da Guerra da Coreia, em 1953, as duas nações permanecem tecnicamente em conflito e estão separadas por uma zona desmilitarizada.

No entanto, as ações normalmente envolvem exercícios militares e lançamentos de foguetes, como aconteceu na última quinta-feira (30), quando a Coreia do Norte disparou cerca de dez mísseis balísticos de curto alcance nas águas ao leste da península, segundo Seul.

Ao enviar os panfletos políticos, bituca de cigarro, plástico e até mesmo fezes de animais ao espaço aéreo vizinho, Pyongyang afirmou que estava devolvendo "na mesma moeda" o envio de "panfletos e várias coisas sujas" na fronteira.

A justificativa é uma referência à ação de ativistas sul-coreanos e desertores que enviam regularmente infláveis contendo panfletos anti-Pyongyang, comida, remédios, dinheiro e pen drives com vídeos de música k-pop.

Os balões com lixo, que a Coreia do Norte chamou de "presentes de sinceridade", começaram a ser vistos na Coreia do Sul na última terça-feira (28). Após pelo menos outros três envios, que chegaram até a parte sul da península, o gabinete do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, afirmou que Seul começaria a tomar "medidas que a Coreia do Norte consideraria insuportáveis".

Na ocasião, o gabinete afirmou que as medidas poderiam incluir a transmissão de propaganda e música k-pop por alto-falantes ao longo da fronteira —ação que o ditador norte coreano, Kim Jong-un, considerou tão ameaçadora que certa vez chamou de "câncer cruel".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.