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China condena ativista do movimento MeToo a 5 anos de prisão, dizem apoiadores

Sophia Huang Xueqin, presa desde 2021, foi sentenciada com pena máxima por incitar a 'subversão do poder do Estado'

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Pequim e Guangzhou | Reuters e AFP

Uma jornalista chinesa que tentou divulgar o movimento MeToo no país asiático foi condenada, nesta sexta-feira (14), a cinco anos de prisão —pena máxima pelo crime de incitar a "subversão do poder do Estado", do qual foi acusada.

As informações foram divulgadas por apoiadores da ativista, segundo os quais ela vai recorrer da decisão.

A ativista chinesa Sophia Huang Xueqin, que divulgou o movimento MeToo no país asiático - Radio Free Asia/Wikimedia Commons

Sophia Huang Xueqin está presa desde 2021, quando foi detida após receber uma bolsa para estudar no Reino Unido. Ela ajudou a difundir em seu país o movimento global contra o assédio ao descrever nas redes sociais a sua experiência quando ainda era uma jovem jornalista em uma agência chinesa de notícias.

O ativista trabalhista Wang Jianbing, 40, que foi preso no mesmo dia da detenção de Huang, também recebeu o veredicto nesta sexta. Embora seja alvo da mesma acusação, Wang foi condenado a três anos e seis meses de prisão. Ainda não está claro se ele vai recorrer.

Neste sábado (15), eles completarão mil dias presos. Ambos foram colocados em confinamento solitário por meses, segundo seus apoiadores.

Huang, que cobriu as acusações do MeToo chinês e os protestos antigovernamentais de Hong Kong, já havia sido detida detida pela polícia chinesa por três meses no final de 2019. Em 2021, quando foi presa novamente, ela iniciaria um mestrado na Universidade de Sussex com uma bolsa de estudos financiada pelo governo britânico.

As acusações foram baseadas nos encontros que eles organizavam para jovens chineses, nos quais discutiam questões sociais.

Durante a audiência, em setembro de 2023, o procurador acusou Huang de ter "organizado uma formação" e Wang Jianbing de ter "publicado ou republicado declarações falsas" com o objetivo de minar a autoridade do Estado, segundo seus apoiadores. Os dois também foram acusados de "organizar reuniões periódicas em Guangzhou" com o mesmo objetivo, dizem as mesmas fontes.

De acordo com os documentos judiciais, a jornalista chinesa também foi acusada de "publicar, nas redes sociais, artigos e discursos distorcidos e de provocação que atacam o governo nacional" e de aderir a "grupos subversivos online no exterior", incluindo um que recordava o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989.

Segundo seus apoiadores, eles negaram ter cometido qualquer irregularidade durante o julgamento a portas fechadas no ano passado.

Representantes consulares de Estados Unidos, Dinamarca, França, Alemanha, Nova Zelândia e Reino Unido tentaram comparecer às audiências do tribunal, mas tiveram a entrada negada, disseram dois diplomatas, que preferiram não ser identificados. As embaixadas não responderam imediatamente a pedidos de comentário.

Para um porta-voz do grupo Liberdade para Huang Xueqin e Wang Jianbing, que pediu para permanecer em anonimato ao falar com agência de notícias Reuters, as autoridades chinesas estão usando a segurança nacional como pretexto para reprimir ativistas de bem-estar social e negar vozes moderadas da sociedade civil.

Já a organização Anistia Internacional denunciou as "sentenças maliciosas e totalmente infundadas" e exigiu a libertação imediata dos ativistas.

"Essas condenações prolongarão sua detenção profundamente injusta e terão um efeito ainda mais intimidador sobre os direitos humanos e a defesa social em um país onde os ativistas enfrentam crescentes repressões estatais", afirmou Sarah Brooks, diretora da ONG para a China.

A acusação de "incitar à subversão do poder do Estado" é frequentemente usada pelo regime chinês contra dissidentes. As sentenças levam em conta o tempo já cumprido em privação de liberdade.

Uma cópia do veredicto compartilhada com a Reuters afirmou que a natureza das ações de Huang e Wang, bem como o "grau de dano causado à sociedade", determinaram suas sentenças.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, diz que a nação é baseada no Estado de Direito e que qualquer pessoa que violar a lei será punida. "A China se opõe firmemente a qualquer país ou organização que desafie sua soberania judicial", disse ele.

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