Descrição de chapéu eleições na Índia

Boca de urna indica vitória folgada de partido de Modi nas eleições da Índia

Se confirmado, aumento da maioria no Parlamento sinalizaria apoio enfático dos eleitores à agenda hinduísta-social

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Gorakhpur (Índia)

A aliança encabeçada pelo partido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o BJP (Partido do Povo Indiano), deve vencer as eleições com folga e aumentar a maioria na Câmara Baixa da Índia, a Lok Sabha, indicam as principais pesquisas de boca de urna divulgadas neste sábado (1º), após a última fase de votação no país. Os resultados oficiais serão anunciados em 4 de junho.

Em 2019, o BJP conquistou 303 dos 543 assentos no Parlamento —são necessários 272 para a maioria simples. Considerando a NDA (Aliança Democrática Nacional), coalizão liderada pelo BJP, foram 352 votos.

Desta vez, a aliança do premiê pode conquistar de 353 a 401 cadeiras, segundo as pesquisas de boca de urna. O India, bloco da oposição liderado pelo partido do Congresso, conquistou 91 assentos em 2019, e estima-se que terá de 125 a 182 desta vez.

Com isso, Modi, que está no poder desde 2014, conquistaria seu terceiro mandato com endosso enfático dos eleitores a sua agenda que combina nacionalismo hindu e tendências autocráticas com investimento em infraestrutura e ampliação de programas sociais.

"Se o primeiro-ministro Modi ganhar pela terceira vez, como indicam as pesquisas, será um feito sem precedentes", disse à Folha o consultor político Apurv Kumar Mishra, que faz parte do Conselho de Assessores Econômicos do primeiro-ministro.

Mesários monitoram votação no distrito de Faridkot, na Índia
Mesários monitoram votação no distrito de Faridkot, na Índia - Adnan Abidi/Reuters

"Ele será o primeiro premiê depois de Nehru [Jawaharlal Nehru, que era primeiro-ministro na declaração de independência do país, em 1947] a ganhar três mandatos consecutivos; seria um apoio claro à estabilidade e daria a ele capital político para implementar sua meta de tornar a Índia um país desenvolvido até 2047."

A oposição, no entanto, ainda não está pronta para aceitar a provável derrota. O presidente do partido do Congresso, Mallikarjun Kharge, disse que as pesquisas de boca de urna são sempre favoráveis ao BJP e que o bloco India vai obter ao menos 295 assentos, segundo "pesquisas de feedback do povo".

"Seria temerário acreditar nas pesquisas conduzidas pelos canais e TVs mainstreams, já que a maioria deles é capacho do regime Modi e depende dele para seu faturamento. Eles nunca iriam projetar resultados desfavoráveis ao governo", disse Badri Rao, professor de Estudos Asiáticos na Universidade de Kettering.

De fato, pesquisas de boca de urna erraram em 2019 e em 2014 –nas duas eleições, o BJP obteve um número muito maior de assentos do que o previsto.

Em declaração, Modi criticou a aliança da oposição, que chamou de oportunista, e afirmou que os eleitores rejeitaram "as políticas retrógradas" da aliança India.

As pesquisas indicavam que o BJP perderia alguns assentos nos estados do Norte, mas faria avanços significativos no sul, onde é historicamente mais fraco, e no leste do país.

Rao ainda acha que o BJP não conquistará mais assentos do que em 2019 por causa da alta taxa de desemprego no país (8,1% em abril; entre jovens supera os 40%) e a inflação (que está em 5%, mas a de alimentos supera 8%).

Modi cruzou o país em mais de 200 comícios para fazer campanha por candidatos ao Parlamento em cada distrito. O primeiro-ministro apostou na retórica hinduísta e fez ataques diretos aos muçulmanos, algo que costumava terceirizar para aliados.

Ele se referiu à minoria muçulmana, que corresponde a 14% da população frente aos 80% de hindus, usando expressões como infiltrados. Em comício, dirigiu-se a hindus dizendo que a oposição queria "reunir a sua riqueza e distribuir entre aqueles que têm mais filhos".

O partido do Congresso criticou a Comissão Eleitoral da Índia, acusando-a de omissão em relação ao uso do discurso de ódio por Modi, que é proibido pelas regras eleitorais.

A oposição teve alguns de seus líderes presos, entre eles Arvind Kejriwal, governador de Déli que é do partido AAP (Partido Aam Aadmi), e o partido do Congresso teve seus fundos bloqueados pelo governo.

Oposicionistas tentaram pintar Modi como protetor das elites –ele é próximo de megaempresários como os Ambani e Adani– e afirmaram que seu partido pretendia mudar a Constituição para reduzir as cotas para as castas mais discriminadas.

Se as pesquisas se confirmarem, as críticas não teriam sido suficientes para brecar o avanço do BJP.

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