Descrição de chapéu eleições na Índia Ásia

Aliados de Modi querem verba e cargos para formar novo governo na Índia

Cobrança de partidos regionais expõe custo político ao BJP, partido do premiê, de ter perdido a maioria no Parlamento sem precisar dos votos das outras siglas aliadas

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Nova Déli | Reuters

Partidos da coalizão liderada pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, exigiram mais verbas para seus estados, bem como cargos no gabinete federal, à medida que as negociações começaram para formar um governo de coalizão.

Os sinais de cobrança e de imposição de condições imediatamente após as eleições, cujos resultados foram divulgados na terça-feira (4), já expõem o custo político ao BJP, partido de Modi, por ter perdido a maioria no Parlamento sem precisar de outras siglas. Agora, enfraquecido, o premiê reeleito se vê dependente de legendas regionais, principalmente o Partido Telugu Desam (TDP) e o Janata Dal (United).

A NDA, coalizão governista, conquistou 293 assentos na Câmara baixa, que possui 543 membros. Em 2019, só o BJP tinha obtido 303 cadeiras, o que lhe dava margem para tomar várias decisões sem necessidade de negociar. Neste ano, conseguiu apenas 240. Os aliados TDP e JD, passaram a ser essenciais na aliança, com 16 e 12 assentos, respectivamente. O TDP também venceu uma eleição regional no estado sulista de Andhra Pradesh, e Bihar (no nordeste indiano) é a base do JD.

Um homem com barba grisalha e óculos faz o sinal de vitória com a mão direita, exibindo um sorriso confiante. Ele veste um colete azul sobre uma camisa branca e está em frente a um fundo vermelho com inscrições não latinas.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, faz sinal da vitória após eleição, apesar de seu partido ter perdido espaço no Parlamento - Adnan Abidi - 4.jun.24/Reuters

Ambos as siglas estão pressionando por demandas antigas, como conceder status especial a seus estados. Isso permite que os governos locais recebam mais fundos federais para o desenvolvimento. Enquanto Bihar é o estado mais pobre do país, Andhra Pradesh perdeu alguns de seus recursos em 2014 quando o novo estado de Telangana foi criado a partir dele.

Além do status especial e das posições no gabinete, o TDP quer mais fundos para projetos de irrigação em Andhra Pradesh e para concluir a construção de sua nova capital, Amaravati. "Esta não é a primeira vez que estamos na NDA, então estamos confiantes de que receberemos o que nos é devido", disse a porta-voz do TDP, Jyothsna Tirunagari. "Desta vez somos um parceiro forte e compartilhamos uma visão clara para o país", disse ela.

INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES

Os principais líderes do BJP começariam a discutir nesta quinta (6) as pastas ministeriais com os aliados. No dia seguinte, Modi deve se encontrar com a presidente da Índia, Droupadi Murmu, para formalizar seu pedido de formação do próximo governo.

As negociações são um retorno à era pré-Modi —que chegou ao poder em 2014, com maioria absoluta do BJP—, na qual os parceiros da aliança negociavam posições e benefícios em troca de apoio político.

A perda da maioria do BJP trouxe apreensão no mercado financeiro e levantou a perspectiva de um governo menos estável do que o anterior.

Uma pesquisa publicada na quinta-feira indicou que o desemprego, a inflação e a queda na renda custaram votos a Modi, embora ele ainda tenha ampla popularidade. Para o analista Sanjay Kumar, ouvido pela Folha, a tentativa do premiê de conseguir mais votos pelo acirramento da questão religiosa entre hindus e muçulmanos fracassou.

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