Premiê da Eslováquia passa por nova cirurgia e continua em estado grave, diz vice

Segundo Robert Kalinak, médicos precisarão de vários dias para saber se Fico vai se recuperar de ataque a tiros

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São Paulo

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, 59, passou por uma nova cirurgia e continua em estado grave, afirmou o vice-premiê do país europeu, Robert Kalinak, nesta sexta-feira (17), dois dias depois de um ataque a tiros contra o líder.

"Ele foi submetido a uma operação de quase duas horas", afirmou o aliado de Fico a jornalistas na parte externa de um hospital de Banska Bystrica, cidade do centro do país onde o político está internado. Na quarta, após o incidente, ele passou por cinco horas no centro cirúrgico para tratar os ferimentos a bala.

O vice-premiê eslovaco, Robert Kalinak, em entrevista coletiva em frente a um hospital de Banska Bystrica - Ferenc Isza/AFP

"O seu estado continua muito grave. Talvez sejam necessários vários dias para saber como evolui", declarou Kalinak. Em um comunicado nesta sexta, o governo disse que Fico permanece na UTI.

Mais cedo, a imprensa local afirmou que os médicos responsáveis pelo caso devem se reunir na próxima segunda-feira (20) para avaliar se o premiê pode ser transportado para a capital, Bratislava. No dia do ataque, o político foi transferido de helicóptero para Banska Bystrica, próxima do local do atentado, Handlová, porque a condição era grave demais para uma viagem à capital.

O vice-premiê, no entanto, afirmou que qualquer decisão nesse sentido será tomada apenas quando houver melhoras em seu estado. "Acho que a cirurgia de hoje (...) nos permitirá chegar mais perto de um prognóstico positivo", disse ele. "Estou mais animado porque vejo que há progresso. Ainda é muito sério, mas, para mim, é esperançoso."

Também nesta sexta, a diretora do hospital, Miriam Lapunikova, disse que ele estava consciente e estável após a operação, que removeu tecido morto de seus ferimentos.

Na véspera, Peter Pellegrini, presidente eleito do país, visitou o aliado e disse que ele já podia falar um pouco. "Ele consegue falar algumas frases, mas está muito cansado e medicado", disse Pellegrini, eleito presidente no dia 6 de abril, com a posse marcada para 15 de junho.

O atentado contra Fico foi a primeira tentativa de assassinato contra um líder europeu em mais de 20 anos e expôs um clima político cada vez mais polarizado na Eslováquia e na Europa. O ataque foi condenado por uma série de líderes mundiais, do americano Joe Biden ao russo Vladimir Putin.

O primeiro-ministro da Hungria e aliado de Fico, Viktor Orbán, disse à rádio pública de seu país nesta sexta que, mesmo que o líder eslovaco se recupere completamente, não poderá trabalhar por meses —e isso em um momento crítico para o continente, que terá eleições para o Parlamento Europeu no início de junho.

As políticas de Fico em relação à Ucrânia e suas propostas de reforma no sistema penal e no controle da mídia estatal seriam algumas das motivações do atirador, segundo o ministro do Interior, Matus Estok.

Figura conhecida da política eslovaca há três décadas, Fico é fundador do Smer, partido populista pelo qual chegou à chefia de governo. Ao longo desses anos, o premiê mostrou disposição para mudar de rumo ao gosto da opinião pública e da conjuntura política. Após oscilar entre uma corrente pró-europeia e posições nacionalistas contrárias a Bruxelas e Washington, Fico tem feito uma política externa inclinada à Rússia em sua mais recente ascensão.

O autor dos disparos foi identificado pela imprensa local como Juraj Cintula, um escritor de 71 anos. Ele trabalhou como segurança de shopping e escrevia livros de poesia. Vizinhos dele disseram à agência de notícias Reuters que o homem não demonstrava nenhum sinal de extremismo político.

Nesta sexta, jornais eslovacos afirmaram que a polícia fez buscas na casa dele. Os agentes acompanharam o suposto autor dos disparos, vestido com colete à prova de balas e capacete, ao apartamento que dividia com a esposa na cidade de Levice, no leste do país, mostraram imagens da cadeia de televisão Markiza TV.

Com AFP e Reuters

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