Descrição de chapéu Taiwan China

Como 'forte punição', China simula cerco a Taiwan com exercícios militares

Operação em torno da ilha seria resposta a 'atos separatistas' do novo presidente; Defesa de Taipé fala em 'provocação irracional'

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Pequim

O Exército de Libertação Popular (ELP), como são chamadas as Forças Armadas da China, iniciou na manhã desta quinta-feira (23), noite de quarta (22) no Brasil, um exercício militar conjunto de dois dias no entorno de Taiwan. Um mapa da operação foi publicado em suas contas nas plataformas chinesas WeChat e Weibo e reproduzido pelo canal de notícias CGTN, em cobertura ao vivo.

Nas postagens, o porta-voz Li Xi descreveu as manobras como "uma forte punição pelos atos separatistas das forças de 'independência de Taiwan' e um severo aviso contra interferências e provocações de forças externas". Ele se refere, respectivamente, ao discurso de posse do novo líder taiwanês, Lai Ching-te, na última segunda-feira (20), e às manifestações de governos dos Estados Unidos e do Japão, que foram questionadas por Pequim.

Mapa do Exército de Libertação Popular (ELP) da China para os exercícios em torno de Taiwan, publicado na rede social Weibo em 23 de maio de 2024
Mapa do Exército de Libertação Popular (ELP) da China para os exercícios em torno de Taiwan, publicado na rede social Weibo em 23 de maio de 2024 - Reprodução

No final do dia, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que a operação é para "salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial".

Lai, no discurso, havia afirmado que "a República da China [nome oficial de Taiwan] e a República Popular da China não são subordinadas uma à outra". E que, com os apoios internacionais à ilha, seria "evidente que Taiwan é um país que pertence ao mundo". Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China.

Segundo a agência taiwanesa de notícias CNA, o porta-voz do presidente Lai, Guo Yahui, lamentou em Taipé a "provocação militar unilateral da China, ameaçando a democracia e a liberdade de Taiwan e a paz e estabilidade regionais".

Guo afirmou que as forças taiwanesas "continuarão a defender a democracia diante das ameaças externas e têm a capacidade de proteger a segurança nacional". Em nota separada, o Ministério da Defesa taiwanês classificou os exercícios de deploráveis e uma "provocação irracional".

Iniciados às 7h45 locais, os exercícios ocorrem no estreito de Taiwan e a norte, sul e leste da ilha, abrangendo ainda as ilhas menores de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin, mais próximas do continente. Envolvem Exército, Marinha, Aeronáutica e a força de foguetes do Comando do Teatro Oriental do ELP.

O porta-voz do ELP descreveu, entre as ações, o combate marítimo-aéreo, o reconhecimento do campo de batalha e ataques conjuntos de precisão a alvos-chave. Os exercícios consistem também em "patrulha de navios e aviões se aproximando de áreas ao redor da ilha de Taiwan e operações integradas dentro e fora da cadeia de ilhas".

É uma referência à chamada primeira cadeia de ilhas do oceano Pacífico, no entorno da China, que foi citada por Lai em seu discurso para enfatizar a importância estratégica da defesa de Taiwan por países como os EUA. Japão, Taiwan e Filipinas são vistas historicamente por Washington como uma barreira ao acesso chinês ao oceano, controlado por forças americanas.

Ouvido pela rede chinesa CCTV, com reprodução em mídia social, um professor da Escola Nacional de Defesa, ligada ao ELP, Zhang Shi, descreveu a operação como preparatória para um eventual bloqueio da ilha, focado não só em Taipé e Nova Taipé, os maiores centros urbanos, políticos e militares ao norte, mas também em Kaohsiung ao sul.

É "um novo modelo de bloqueio", descreveu Zhang, e visa estrangular também o porto de Kaohsiung, o principal da ilha, de função tanto comercial como militar. "Uma vez sitiada e bloqueada, Taiwan pode ser levada ao colapso econômico e se tornar uma ilha morta."

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