O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu nesta quinta-feira (11) o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., e reforçou em reunião inédita entre as três nações seus laços de defesa, em oposição à China.
"Os compromissos de defesa dos EUA com o Japão e as Filipinas são indestrutíveis", afirmou Biden. O encontro marca mais um movimento de Washington para aprofundar suas relações com países aliados do Indo-Pacífico em meio à disputa com Pequim por hegemonia na região.
O regime liderado por Xi Jinping tem protagonizado cada vez com mais intensidade atritos com Manila na região do mar do Sul da China, ampla área marítima polvilhada de atóis, bancos de areia e ilhotas cuja soberania é disputada por China, Filipinas e várias outras nações asiáticas.
"Como disse antes, qualquer ataque a uma aeronave, embarcação ou Força Armada das Filipinas no mar do Sul da China invocaria nosso tratado de defesa mútua", disse o presidente americano, ao lado da vice-presidente, Kamala Harris, e do secretário de Estado, Antony Blinken.
O democrata se refere ao Acordo de Relações Mútuas, datado de 1951 e assinado entre Washington e Manila. Embora ele tenha sido modificado por uma série de emendas e novas alianças, a obrigação de prestar assistência em caso de uma eventual agressão armada ainda é uma exigência do tratado.
Os líderes devem anunciar uma patrulha conjunta no Indo-Pacífico neste ano, como continuação de exercícios realizados no ano passado em águas próximas ao mar do Sul da China.
A guarda costeira dos EUA também deve receber membros das guardas costeiras filipina e japonesa para treinamento, de acordo com funcionários seniores da administração Biden que insistiram no anonimato para antecipar as conversas à agência de notícias Associated Press.
As Filipinas têm acusado a China de realizar manobras perigosas contra embarcações filipinas em locais do mar do Sul da China. Esses incidentes, no entanto, estariam em uma espécie de zona cinzenta de ações, sem constituir um ataque propriamente dito, como o uso de canhões de água, manobras agressivas e uso de laser militar para tentar impedir o reabastecimento de navios e o movimento de patrulhas na região.
No fim de março, o uso de canhões de água contra embarcações filipinas que reabasteciam um navio que Manila mantém fixo em um banco de areia danificou os veículos e feriu parte da tripulação.
Alguns jornalistas estrangeiros têm se juntado a algumas dessas missões de reabastecimento a convite das Filipinas, o que uma autoridade de segurança disse à Reuters ter por objetivo "lançar luz sobre as táticas de 'zona cinzenta' da China". Pequim acusa as Filipinas de causar problemas e espalhar desinformação.
As ações chinesas são "perigosas, ilegais e estão desestabilizando a região", disse um almirante sênior dos EUA nesta quarta (9).
"Ninguém deve violar a soberania territorial e os direitos e interesses marítimos da China, e a China permanece firme em defender nossos direitos", afirmou por outro lado a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, nesta quinta.
A escalada de tensões que ameaçam cruzar a linha de uma agressão explícita foi mencionada por Biden durante conversa com Xi por telefone no início deste mês.
De acordo com comunicado da Casa Branca sobre o diálogo, Biden usou a ligação para enfatizar "a importância de manter a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan e o respeito à lei e à liberdade de navegação no mar do Sul da China".
Xi, de seu lado, disse que os laços entre a China e os EUA estão começando a se estabilizar, mas alertou que poderiam "entrar em conflito ou confronto", de acordo com a agência de notícias Xinhua, da China.
Autoridades militares americanas se encontraram com homólogos chineses no início da semana passada para uma série de reuniões no Havaí focadas em como os dois países podem operar com segurança, segundo autoridades dos EUA.
Em comunicado, o Exército americano disse que funcionários dos dois países "revisaram eventos relacionados à segurança nos últimos anos e discutiram a manutenção da segurança operacional e profissionalismo marítimo e de aviação".
O Ministério da Defesa da China afirmou em um comunicado separado publicado no fim de semana que nas reuniões os dois lados conduziram trocas francas e construtivas sobre a situação de segurança marítima e aérea entre Pequim e Washington.
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