Um ataque a tiros em uma escola na Finlândia, nesta terça-feira (2), matou uma criança e deixou duas gravemente feridas após um estudante disparar contra seus colegas. O suposto atirador —que, assim como as vítimas, tinha 12 anos— foi colocado sob custódia, segundo a polícia.
O incidente, acende novamente o debate sobre esse tipo de incidente em países nórdicos, ocorreu na escola Viertola, em Vantaa —uma cidade da área metropolitana da capital, Helsinque. A instituição de ensino tem cerca de 800 alunos e um corpo docente de 90 pessoas, de acordo com a prefeitura local.
Após o ataque, a polícia isolou o prédio, reteve o suspeito no bairro de Siltamaki, em Helsinque, a cerca de três quilômetros da escola, e apreendeu a arma, que pertencia a um parente dele. Segundo as autoridades, que não forneceram detalhes sobre a identidade do suposto atirador ou das vítimas, não há outros suspeitos por enquanto.
O Distrito Hospitalar de Helsinque afirmou por meio de um comunicado que os dois sobreviventes estão sendo tratados por ferimentos graves, sem dar mais detalhes. De acordo com a polícia, as motivações do atirador ainda não estão claras. Apesar disso, o suspeito admitiu a agressão em uma entrevista preliminar e deve ser colocado sob cuidados de serviços sociais.
Anja Hietamies, mãe de uma aluna de 11 anos, disse à agência de notícias Reuters que recebeu uma mensagem de sua filha após o ataque. "Ela disse que os alunos estavam trancados em uma sala escura e não podiam falar ao telefone, só enviar mensagens", disse Hietamies. Os pais tiveram que esperar três horas antes de serem autorizados a buscar seus filhos.
A ministra da Educação, Anna-Maja Henriksson, chorou ao falar com jornalistas horas após o ataque. "Uma criança de 12 anos nunca mais voltará para casa da escola", disse ela. "O dia começou de uma maneira horrível", afirmou a ministra do Interior, Mari Rantanen, na rede social X. "Só posso imaginar a dor e a preocupação que muitas famílias estão sentindo no momento."
Para o primeiro-ministro, Petteri Orpo, as cenas "chocam profundamente". Ele encorajou os pais a confortarem seus filhos e ajudarem a aliviar quaisquer medos sobre ataques semelhantes no futuro.
"Quero dizer às crianças e jovens de toda a Finlândia que as autoridades e a equipe escolar estão fazendo tudo o que podem todos os dias para evitar que algo assim aconteça", disse o premiê em um comunicado. "Meus pensamentos estão com as vítimas, seus entes queridos e os outros alunos e funcionários", afirmou pelo X.
Em outros momentos, ataques como esse, que são raros no país nórdico, colocaram em xeque a política de armas finlandesa.
Em 2007, Pekka-Eric Auvinen matou seis estudantes, a enfermeira da escola, o diretor e a si mesmo usando uma arma de fogo na escola secundária de Jokela, perto de Helsinque. Um ano depois, em 2008, o estudante Matti Saari abriu fogo em uma escola profissionalizante em Kauhajoki, no noroeste do país. Ele matou nove estudantes e um funcionário antes de também se suicidar.
A Finlândia endureceu sua legislação em 2010, introduzindo um teste de aptidão para todos os requerentes de licença de armas de fogo. A idade mínima para os solicitantes também foi alterada de 18 para 20 anos.
Ainda não se sabe se o último caso vai ter impacto na legislação —em uma entrevista coletiva, a ministra do Interior afirmou que ainda era cedo para tirar conclusões sobre eventuais mudanças nas leis. Atualmente, há mais de 1,5 milhão de armas licenciadas e cerca de 430 mil titulares de licença no país de 5,6 milhões de habitantes, onde a caça e o tiro ao alvo são populares.
As nações nórdicas são vistas como seguras e com leis de acesso e porte de armamentos consideradas rigorosas. Apesar disso, o número de armas para cada 100 habitantes em algumas delas é alto em relação a outros países da Europa. A taxa fica acima dos 20 em todos eles, com exceção da Dinamarca, onde há 9,92 armas para cada 100 habitantes, segundo a Small Arms Survey.
A Finlândia sustenta a taxa mais alta entre os nórdicos, de acordo com a entidade de segurança pública. São 32,36 armas, incluindo as registradas e as não registradas, para cada 100 habitantes. A quantidade pode ser explicada, em parte, pela forte tradição nessa região da prática da caça com o uso de fuzis e espingardas. E, diante da baixa taxa de criminalidade, pautas para restringir a compra de armamento costumam ser pouco urgentes para os parlamentares.
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