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Milei arrisca crise diplomática com Colômbia ao chamar Petro de 'assassino comunista'

Bogotá convoca seu embaixador na Argentina após comentário

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Bogotá e Buenos Aires | Reuters

A Colômbia convocou seu embaixador em Buenos Aires para consultas nesta sexta-feira (26), depois que o presidente da Argentina, Javier Milei chamou seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, de "assassino comunista" e afirmou que ele está arruinando o país que lidera em entrevista veiculada no YouTube.

As relações entre os dois países eram de harmonia até a eleição de Milei, em novembro. Desde que este assumiu, contudo, ele e Petro —primeiro presidente esquerdista da Colômbia— vêm se envolvendo em algumas rusgas.

O presidente da Argentina, Javier Milei, chega a evento em homenagem a vítimas do Holocausto no Museu do Holocausto de Buenos Aires - Agustin Marcarian - 26.jan.24/Reuters

Em comunicado, a chancelaria de Bogotá chamou os comentários de "desrespeitosos e irresponsáveis" e disse que eles "violam os laços profundos de amizade, compreensão e cooperação que historicamente uniram Colômbia e Argentina".

Já Petro respondeu às provocações de Milei em um evento oficial de que participava. "Eles nos atacam dizendo que somos comunistas, socialistas, que o Estado quer controlar os meios de produção, [mas] é claro que não têm ideia do que é o comunismo, o socialismo."

O colombiano havia criticado o então recém-empossado governo do argentino em novembro, na época do lançamento da chamada "lei ônibus", em razão das mudanças que ela propunha para o Ensino Superior.

O texto previa a manutenção da gratuidade das universidades estatais para argentinos e estrangeiros que tivessem residência permanente no país, mas liberava que essas instituições cobrassem mensalidade daqueles que não cumprissem os requisitos. Segundo Petro, se aprovada, ela levaria cerca de 20 mil estudantes colombianos que estudam na Argentina a serem expulsos.

Projeto de 'lei ônibus' exclui reformas tributárias em busca de aprovação mais célere no Congresso

Também nesta sexta-feira, o governo da Argentina retirou importantes reformas de gastos da chamada "lei ônibus", um pacotão de normativas liberais, em uma tentativa de facilitar sua aprovação pelo Congresso.

O anúncio foi feito pelo ministro da Economia, Luis Caputo, que na ocasião enfatizou que isso não significava que Milei tenha desistido de eliminar o déficit orçamentário.

O gabinete presidencial reforçou a promessa em comunicado, descrevendo seu compromisso com um orçamento equilibrado como "inquebrável" —o que provavelmente significa que ele buscará cortes mais profundos em outros lugares.

A mudança de estratégia marca uma grande concessão por parte da Casa Rosada. A coalizão de Milei, A Liberdade Avança, tem uma pequena minoria dos parlamentares (37 dos 257 deputados e 7 dos 72 senadores), e por isso depende de forças de centro e centro-direita para que as medidas sejam aprovadas, como o grupo Juntos pela Mudança, do ex-presidente Mauricio Macri, e o partido União Cívica Radical (UCR), a "oposição dialoguista".

Milei, que assumiu o cargo no final do ano passado, venceu as eleições presidenciais com a promessa de conter a inflação de três dígitos e reduzir drasticamente o papel do governo na economia, plano que inclui a privatização de empresas estatais e cortes significativos em uma série de subsídios. Ele já recuou em algumas dessas promessas —caso da privatização da estatal petroleira YPF— no projeto de lei.

A jornalistas, Caputo observou que a inflação, hoje acima dos 200% ao ano, diminuiu consideravelmente nas últimas duas semanas depois de atingir um pico no mês passado, quando o governo antecipou a desvalorização da moeda local.

O chefe da economia argentina também disse que sua pasta assumiria o controle do portfólio de infraestrutura do país, confirmando relatos anteriores da imprensa de que o governo estava se movimentando para abolir o Ministério da Infraestrutura.

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