O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desejou sorte e êxito ao novo governo da Argentina, sem citar o presidente eleito neste domingo (19) Javier Milei.
O PT e integrantes do governo apoiavam a eleição de Sergio Massa, mas Lula nunca mencionou-o diretamente. Lula não deve ligar a Milei para parabenizá-lo. Durante a campanha, o então candidato chegou a chamá-lo de corrupto e comunista.
"A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica", disse no X, antigo Twitter.
"Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", completou.
O ultraliberal Javier Milei, 53, rompeu a polarização argentina e consolidou sua nova força política ao ser eleito presidente do país neste domingo. Em pleito histórico, o "outsider" superou Massa, ministro da Economia, impondo ao peronismo sua quarta derrota em 40 anos de democracia.
Após uma ascensão meteórica na política, o economista e deputado conseguiu 55,91% dos votos válidos, contra 44,08% do rival com 88% das urnas apuradas.
A participação foi de 76%, número abaixo dos índices registrados no primeiro turno em outubro (77%) e acima do das eleições primárias em agosto (69%).
Milei vai ocupar a Casa Rosada pelos próximos quatro anos a partir de 10 de dezembro, quando o país completa 40 anos ininterruptos de democracia. O peronista Alberto Fernández, atual chefe de Massa, se despede do cargo reprovado por oito em cada dez argentinos e levando a fama de presidente ausente.
O petista não ligou para o presidente eleito, mas falou em democracia, desejou sorte e êxito ao novo governo nas redes sociais — sem citar Milei diretamente. Bolsonaro, por sua vez, parabenizou o aliado e disse que a "esperança voltou a brilhar".
Chamou a atenção de governistas brasileiros, sobretudo, a margem na eleição, muito superior à esperada para Milei. O economista e deputado foi eleito com 55,8%dos votos válidos, contra 44,19% de Sergio Massa, com 94,09% das urnas apuradas.
Ainda candidato, Milei chegou a afirmar em entrevista que deixaria o Mercosul, em caso de vitória. Membros da equipe econômica ouvidos pela Folha consideram que a vitória traz mais incerteza para o cenário regional e para o avanço de acordos comerciais, como a negociação entre o Mercosul e a União Europeia.
Agora, interlocutores do chefe do Executivo e integrantes da equipe econômica dizem que resta saber se ele manterá o discurso radicalizado após eleito.
Disso também dependerá a postura do governo brasileiro. Auxiliares palacianos afirmam que Lula não atuará ou falará publicamente contra o novo presidente argentino. Poderá ser mais crítico, por exemplo, se ele acabar com a tarifa externa comum.
Nas últimas semanas, a campanha de Milei enviou recados ao governo brasileiro, por meio de sua embaixada, no sentido de abaixar ânimos e dizer que a relação com o país é muito relevante para a Argentina.
Auxiliares de Lula dizem não saber se ele participará da posse de Milei, em 10 de dezembro, mas muitos defendem que ele não vá, para evita r desgastes. Até mesmo porque há dúvidas se ele receberá convite do argentino.
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