A Procuradoria federal dos Estados Unidos apresentou nesta terça-feira (10) acusações contra o deputado George Santos envolvendo novos esquemas criminosos, incluindo roubo de identidades e de informações de cartões de crédito de doadores de sua campanha ao cargo no Congresso americano.
O novo indiciamento afirma que Santos usou dados de cartões de crédito de seus doadores repetidas vezes, sem autorização, e distribuiu o dinheiro para sua campanha e de outros candidatos, além de sua própria conta bancária.
O caso, apresentado no Distrito Leste de Nova York, adiciona dez novas acusações contra Santos que envolvem conspiração para cometer crimes contra os Estados Unidos, fraude eletrônica, roubo de identidade agravado, fraude de dispositivos de acesso, declarações falsas à Comissão Federal de Eleições e falsificação de registros para obstruir a comissão.
Os procuradores afirmam que Santos roubou o número do cartão de crédito de um doador para transferir mais de US$ 11 mil (R$ 56 mil) para sua própria conta bancária e obteve fraudulentamente de outros dois doadores US$ 50 mil (R$ 254 mil) usando uma organização sem fins lucrativos falsa para comprar bens de luxo e pagar dívidas pessoais.
A Procuradoria afirma que Santos fingiu ser rico para impressionar líderes republicanos, relatou um empréstimo de campanha fictício de US$ 500 mil (R$ 2,54 milhões) para obter apoio financeiro e inventou dezenas de milhares de doações para dar a impressão de que tinha um sucesso político avassalador que justificaria o auxílio do partido.
O novo processo foi apresentado cinco dias depois que a tesoureira da campanha de Santos, Nancy Marks, declarou-se culpada de uma acusação de conspiração para defraudar os Estados Unidos e admitiu seu papel na falsa declaração do empréstimo fictício de US$ 500 mil.
Na época, Santos "tinha menos de US$ 8.000 [R$ 40 mil] em suas contas bancárias pessoais e comerciais", de acordo com a Promotoria.
Marks disse em um tribunal que ela e outra pessoa não identificada concordaram em fazer relatórios de doações falsas e falsificar o empréstimo —a promotoria afirma que mensagens de texto e emails comprovam essa intenção. A nova acusação evidencia o que já se presumia: a pessoa não identificada por Marks era o próprio deputado.
"Santos inflou falsamente as receitas da campanha com empréstimos e contribuições inexistentes que foram fabricados ou roubados", diz o procurador Breon Peace, em comunicado. Santos se recusou a comentar as acusações.
Os procuradores relatam que o deputado usou o cartão de crédito de um doador, identificado apenas como "Contribuinte Nº 12", repetidas vezes, sem o conhecimento ou aprovação da pessoa, pegando US$ 15,8 mil para sua campanha e de comitês associados. Nos meses seguintes, os procuradores dizem que o deputado cobrou do mesmo doador mais US$ 44,8 mil.
O republicano se apresentou à Justiça em maio para responder a 13 acusações criminais de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, roubo de fundos públicos e mentiras em formulários de divulgação federal.
Santos, que está buscando a reeleição em 2024, declarou-se inocente das acusações anteriores, e nega qualquer envolvimento nas finanças de sua campanha, atribuindo problemas e eventuais discrepâncias a Marks, a tesoureira da campanha.
As novas acusações podem aumentar a pressão sobre o deputado para que ele aceite um acordo de confissão. Em setembro, os procuradores revelaram que haviam iniciado conversas sobre "possíveis caminhos a seguir" no caso de fraude; o republicano, no entanto, negou a existência de tais negociações. Um retorno de Santos ao tribunal no âmbito das acusações feitas em maio estava previsto para o dia 27 de outubro.
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