Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Biden chega a Israel e diz que explosão em hospital 'parece obra do outro lado'

Presidente desembarcou em Tel Aviv para demonstrar apoio; Hamas diz que Washington é cúmplice de massacres

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São Paulo

Em demonstração de apoio incondicional a Israel na guerra contra o grupo terrorista Hamas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou nesta quarta-feira (18) em Tel Aviv e afirmou que as mortes provocadas pela explosão em um hospital na Faixa de Gaza, ocorrida na véspera, parecem ter sido obra "do outro lado" ("other team", na expressão original).

Presidente Joe Biden é recebido por premiê israelense, Binyamin Netanyahu, em Tel Aviv
Presidente Joe Biden é recebido por premiê israelense, Binyamin Netanyahu, em Tel Aviv - Evelyn Hockstein/Reuters

O americano se referia à acusação feita por Israel de que o hospital foi atingido por um foguete da facção Jihad Islâmico —segundo o Ministério da Defesa israelense, um dos artefatos disparados pelo grupo explodiu antes de chegar ao alvo original, que seria Israel. A organização armada refuta a alegação.

"Com base no que eu vi, parece que [a explosão] foi causada pelo outro lado", disse Biden. "Mas há muitas pessoas por aí que não têm certeza [sobre a autoria do disparo]. [...] Israel tem um conjunto de valores semelhantes aos dos EUA e de outras democracias, e eles estão olhando para o que vamos fazer."

Em nota, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, afirmou que, diante das informações coletadas até o momento, "nossa atual avaliação [....] é a de que Israel não é responsável pela explosão". O órgão diz se basear em imagens aéreas, interceptação de comunicações e informações públicas.

A explosão no hospital na Cidade de Gaza, a mais populosa da faixa homônima, deixou de 50 a 500 mortos nesta terça (17). Inicialmente, o Ministério da Saúde local falava em 500 mortes, mas corrigiu a cifra para 471 nesta quarta —estimativas posteriores, contudo, falam de 50 a 500 óbitos.

Membros da pasta acusam Israel de direcionar o ataque à unidade, que estava superlotada de pacientes e de civis que buscavam abrigo após a ordem de retirada dada por Tel Aviv ao território —prenúncio de uma invasão terrestre.

O Exército de Israel disse nesta quarta que não encontrou evidências de um impacto direto por munições aéreas. Segundo o porta-voz Daniel Hagari, uma investigação "confirmou que não houve fogo das Forças de Defesa de Israel por terra, mar ou ar que atingiu o hospital". Ele disse que não houve danos estruturais aos prédios ao redor da unidade médica e que não há crateras consistentes com os resultados de um ataque aéreo. O militar ainda acusou o grupo terrorista Hamas de inflar o número de vítimas.

O episódio já teve consequências regionais —foi cancelada a reunião marcada na Jordânia nesta quarta para amainar as tensões regionais, encontro que contaria com os líderes de Egito, EUA e Autoridade Palestina. A chancelaria em Amã disse que seria "inútil qualquer conversa sobre assuntos que não sejam para colocar um ponto final na guerra".

O Hamas criticou as declarações de Biden, feitas ao lado do premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Em comunicado, a facção acusa Washington de ser "cúmplice" do que chamou de massacres em Gaza e afirma que o governo americano é "cegamente tendencioso" em relação ao conflito no Oriente Médio.

Autoridades de saúde em Gaza dizem que pelo menos 3.500 pessoas haviam morrido nos bombardeios de 11 dias lançados por Israel, que começaram após um ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual 1.400 pessoas foram mortas em território israelense e ao menos 200 foram levadas para Gaza como reféns.

Biden chegou a Israel para demonstrar solidariedade e discutir a guerra. O presidente americano desembarcou acompanhado de um grande contingente de segurança e abraçou o premiê Netanyahu e o presidente israelense, Isaac Herzog, ainda no pátio do aeroporto.

O líder americano voltou a dizer que asseguraria a Israel o direito de se defender. Também ecoou declarações feitas por autoridades israelenses que comparam o Hamas ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Segundo ele, as "atrocidades" do primeiro fazem o EI "parecer mais racional".

O Exército israelense prepara uma invasão terrestre na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. Biden não deixa claro se apoia a invasão, mas defende que o grupo terrorista seja varrido do território.

No domingo, Biden avaliou que uma eventual ocupação de Gaza pelos israelenses, à semelhança dos assentamentos já existentes na Cisjordânia, seria um "grande erro" e defendeu a criação de um Estado palestino, como preconizam os Acordos de Paz de Oslo assinados em 1993 nos jardins da Casa Branca, habitada à época por Bill Clinton.

"Temos que ter em mente que o Hamas não representa todo o povo palestino e só provocou sofrimento", afirmou Biden, acrescentando que ao menos 31 cidadãos americanos foram mortos pelos terroristas.

Netanyahu agradeceu a Biden pelo que chamou de "apoio inequívoco". Em nota, o gabinete de Herzog disse que o presidente agradeceu ao homólogo americano por "proteger a nação de Israel".

Com Reuters

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmou que centenas de pessoas foram mortas pelo míssil que atingiu o hospital al-Ahli Arab, mas os dados não puderam ser verificados com fontes independentes. A redação foi alterada para refletir as estimativas, que, uma semana depois, variam de 50 a 500 mortos.

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