Ao menos cem pessoas morreram em um ataque de drones em uma academia militar na Síria, em Homs (140 km ao norte de Damasco), nesta quinta-feira (5), segundo autoridades. As aeronaves não tripuladas bombardearam o local minutos depois que o ministro da Defesa sírio deixou uma cerimônia de formatura na instituição.
Este é um dos ataques com maior número de mortos já realizados contra uma instalação do Exército sírio. Também é sem precedentes em seu uso de drones armados no país, imerso há 12 anos em uma guerra civil.
O Ministério da Defesa atribuiu a responsabilidade do ataque a grupos que classificou de terroristas e acusou de serem apoiados por conhecidas forças internacionais. A declaração não aponta, porém, qual organização estaria por trás da ação, e nenhum grupo reivindicou imediatamente sua autoria.
Seja como for, a pasta prometeu, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, responder "com toda a força". Após o incidente, as forças do regime de Bashar al-Assad realizaram ataques aéreos na zona controlada pela oposição em Idlib, no noroeste da Síria. Ao menos seis pessoas morreram nos revides, segundo a Defesa Civil local, e partes da cidade estão sem energia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com a violência no país no Oriente Médio, reforçando que sua declaração se estendia também à retaliação promovida pelo regime.
Imagens compartilhadas com a agência de notícias Reuters pelo WhatsApp mostram pessoas em uniformes e em roupas civis deitadas em poças de sangue em um grande pátio. "Depois da cerimônia, as pessoas desceram para o pátio, e foi quando os explosivos as atingiram. Não sabemos de onde veio o ataque, e os corpos se espalharam pelo chão", disse um homem que ajudou a montar decorações na academia para a ocasião.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos calcula que o ataque tenha deixado mais de cem mortos e cerca de 125 feridos. Dentro do governo sírio, os números divergem. Um oficial na aliança que apoia o regime de Assad também afirmou que o número de mortos é de cerca de cem. Já o ministro da Saúde, Hassan al-Ghobash, informou à TV estatal que 80 pessoas foram mortas, incluindo seis mulheres e seis crianças, e indicou muito mais feridos, aproximadamente 240.
A guerra civil na Síria começou com protestos contra Assad em 2011, em meio à efervescência regional da Primavera Árabe. Ao longo do tempo, porém, transformou-se em uma guerra total que deixou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados internos e refugiados.
O Exército sírio foi enfraquecido pelos combates e passou a depender do apoio militar da Rússia e do Irã, bem como de combatentes apoiados por Teerã no Líbano, Iraque e outros países.
Assad recuperou a maior parte do país, mas uma faixa no norte, na fronteira com a Turquia, ainda é controlada por grupos armados de oposição, incluindo militantes jihadistas.
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