Descrição de chapéu BBC News Brasil

'Genocídio cultural': a foto que revela como Talibã queima instrumentos para que jovens 'não se desvirtuem'

Depois dos salões de beleza, grupo extremista alega que a música é causadora de 'corrupção moral'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BBC News Brasil

O grupo extremista Talibã está queimando instrumentos musicais no Afeganistão, com a alegação de que a música "causa corrupção moral".

Itens musicais que custam milhares de dólares foram queimados em uma fogueira no sábado (29) na província de Herat.

Desde que assumiu o poder no Afeganistão em 2021, o Talibã impôs inúmeras restrições, incluindo tocar música em público.

Imagens nas redes sociais mostraram que violão, harmônio e tambor estavam entre os itens musicais queimados - EPA

Ahmad Sarmast, fundador do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, afirmou que a destruição dos equipamentos é um "genocídio cultural e vandalismo musical".

"Ao povo do Afeganistão foi negada a liberdade artística", disse Sarmast, que agora mora em Portugal. "A queima de instrumentos musicais em Herat é apenas um pequeno exemplo do genocídio cultural que está ocorrendo no Afeganistão sob a liderança do Talibã."

Entre os itens queimados em Herat estava uma guitarra, um harmônio e uma espécie de tambor, além de amplificadores e alto-falantes, conforme é possível ver em imagens que circularam na internet.

Vários dos equipamentos foram apreendidos em espaços onde são realizados casamentos.

Um funcionário do Ministério de Vícios e Virtudes do Afeganistão disse que tocar música é algo que "desvirtua os jovens".

O Talibã havia feito outra fogueira de instrumentos em 19 de julho. O governo postou fotos do incêndio no Twitter, mas não disse em qual lugar do país aquilo tinha ocorrido.

De meados da década de 1990 até 2001, o primeiro governo do Talibã baniu todas as formas de música de encontros sociais, da televisão e do rádio no Afeganistão.

A cena musical floresceu nas duas décadas seguintes, mas o retorno do Talibã ao poder em agosto de 2021 fez muitos músicos fugirem do país.

A mulheres foram particularmente prejudicadas pelas várias restrições impostas pelo Talibã - AFP

Há relatos de que músicos que permaneceram no país foram espancados e discriminados.

Nos últimos dois anos, o Talibã impôs severas restrições à população sob sua rígida interpretação da lei islâmica.

As mulheres são as mais afetadas por essas medidas. O Talibã decretou que elas devem cobrir todo o corpo e apenas os olhos podem ser vistos.

Além disso, elas devem estar acompanhadas por um parente do sexo masculino se viajarem mais de 72 km.

Adolescentes e mulheres foram proibidas de frequentar escolas, universidades, academias de ginástica e parques.

Em meados de julho, salões de beleza foram obrigados a fechar em todo o país, por serem considerados locais não islâmicos.

O texto foi publicado originalmente aqui.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.