Descrição de chapéu China instagram Meta

Facebook derruba quase 8.000 contas falsas de propaganda pró-China

Meta diz que campanha de desinformação atuava em mais de 50 redes sociais, incluindo Instagram e X, antigo Twitter

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Nova York | Reuters

A Meta afirmou nesta terça-feira (29) ter removido ao menos 7.700 contas do Facebook e mais de 900 no Instagram que supostamente integravam uma rede de propaganda pró-China baseada em campanhas de desinformação. Segundo a empresa, os perfis em questão violavam sua política contra usuários falsos e spams.

Logo do Facebook é exibido em celular sobre laptop - Dado Ruvic - 22.ago.22/Reuters

A companhia começou a investigar o esquema, apelidado de "Spamouflage" —mistura de "spam" e "camuflagem"—, em 2019. Segundo a edição mais recente de seu relatório de segurança trimestral, seu objetivo era promover visões positivas sobre a China, e negativas sobre os Estados Unidos, políticas externas ocidentais em geral, e jornalistas e pesquisadores críticos ao regime.

O documento afirma que a rede de propaganda estava baseada em solo chinês. Um dos indícios disso seria que, apesar de as operações serem espalhadas pelo país, elas muitas vezes vinham de servidores próximos uns dos outros, como em um escritório, e operavam em turnos, com picos de atividade de manhã e de tarde no fuso-horário de Pequim, além de aparentes pausas para o almoço e o jantar.

O relatório também diz ter evidências de que alguns dos indivíduos que integravam o esquema são ligados às forças de segurança estatais, mas não dá mais detalhes sobre o assunto.

Questionado sobre as supostas revelações, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse não ter ciência delas. "Esperamos que a empresa em questão se comprometa com os princípios de objetividade e imparcialidade, e evite usar dois pesos e duas medidas", afirmou um dos porta-vozes da pasta, Wang Wenbin, nesta quarta-feira.

Ele acrescentou que não é raro ver campanhas contra Pequim nas redes sociais, e pediu que a Meta elimine informações falsas sobre o país.

Segundo a empresa de tecnologia, o esquema revelado pode ser a maior operação de propaganda política multiplataformas de que se tem notícia. Além do Facebook e do Instagram, outras 50 redes sociais teriam sido alvos da operação, desde YouTube e X, o antigo Twitter, até plataformas menores como Medium, Reddit, Quora, Vimeo e Soundcloud.

Ao mesmo tempo, segundo a companhia, a maioria dos cerca de 560 mil seguidores das contas que eles apagaram eram falsas, administradas por empresas especializadas em spam baseadas em locais como Vietnã e Bangladesh. Ela diz que os perfis pareciam registrar pouco engajamento além disso. "Foi uma operação grande e barulhenta, mas que teve dificuldades de ultrapassar a própria câmara de eco falsa", disse Ben Nimmo, diretor de Ameaças Globais de Inteligência da Meta.

O relatório credita parte desse insucesso ao parco controle de qualidade exercido pela campanha. Um dos exemplos que o relatório dá é uma página do Facebook que subitamente trocou os anúncios de lingerie que publicava em mandarim para posts sobre insurreições no Cazaquistão escritos em inglês.

Outros casos mostram textos cujos conteúdos parecem completamente aleatórios. No Quora, por exemplo, uma conta ligada ao esquema publicou em resposta à pergunta "como perder gordura abdominal com musculação?" um link para uma reportagem intitulada "Polícia da China Reforça Cooperação Internacional para Fiscalizar Leis contra Fraudes na Área de Telecomunicações".

As acusações de envolvimento de empresas e órgãos estatais chineses em casos de espionagem têm se tornado cada vez mais frequentes desde que Pequim passou a disputar o posto de maior potência global com os Estados Unidos. Levantamento do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), baseado em Washington, identificou 160 episódios de conhecimento público de espionagem pelos chineses de 2000 a 2021. Destes, apenas um quarto ocorreu na primeira década dos anos 2000, enquanto 76% deles foram identificados entre 2010 e 2021.

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