Vice-primeiro-ministro do Reino Unido renuncia após acusação de assédio moral

Terceira capitulação em seis meses agrava imagem desgastada do governo; Oliver Dowden é nomeado vice-premiê

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Londres | Reuters

O vice-premiê britânico Dominic Raab renunciou ao cargo nesta sexta (21), após o fim de uma apuração sobre denúncias de assédio moral, no mais recente escândalo na gestão do primeiro-ministro Rishi Sunak.

A queda do terceiro ministro em seis meses afeta os esforços para renovar o Partido Conservador –além de representar um constrangimento, já que Raab chegou a Downing Street sob promessas de integridade.

Oliver Dowden, ex-secretário de Cultura, Mídia e Esporte e parte do gabinete de Sunak, será o substituto, e o parlamentar Alex Chalk foi escolhido como ministro da Justiça, posto que Raab também ocupava.

Homem branco de terno e gravata é visto deixando uma casa
O vice-primeiro-ministro Dominic Raab deixa reunião em Downing Street, em Londres - Daniel Leal/AFP

Raab renunciou por meio de uma carta ao premiê antes de a decisão se tornar pública. "Solicitei o inquérito e me comprometi a renunciar caso fosse encontrado qualquer indício de intimidação", escreveu.

Funcionários do governo fizeram oito denúncias formais sobre o comportamento do agora ex-vice-premiê quando ele ocupou os postos de ministro das Relações Exteriores, ministro do brexit e ministro da Justiça.

Segundo Raab, o relatório concluiu que ele não xingou, gritou ou intimidou ninguém durante os quatro anos e meio à frente das pastas. Ele também rejeitou todas as acusações, menos duas, desculpando-se por qualquer episódio que tenha causado estresse pelo "ritmo, diretrizes e desafios" que demandava.

Os dois incidentes em que foi constatado assédio, de acordo com Raab, aconteceram na chancelaria, ao lidar com um diplomata na negociação do brexit, a separação britânica da União Europeia, sobre Gibraltar, e no Ministério da Justiça (em 2021 e 2022), ao fazer uma observação crítica a um funcionário.

Em nota, Sunak disse ter aceitado a renúncia com "grande tristeza". "Mas está claro que houve falhas que afetaram negativamente os envolvidos. Temos de aprender com isso para lidar melhor com esses casos."

Como vice, Raab não tinha poderes na prática, e seu dever era substituir o premiê quando ele estivesse ausente do Parlamento. Era, porém, um aliado que ajudou na campanha de Sunak para chegar ao poder.

A renúncia também pode prejudicar a imagem do governo, já desgastada por greves, escândalos e economia em crise. Sunak assumiu o cargo em outubro do ano passado, como o primeiro líder britânico não branco, o mais jovem em dois séculos e mais rico do que o rei Charles 3º. Chegou como o terceiro premiê do ano, depois das renúncias de Liz Truss e de Boris Johnson —marcados, respectivamente, por péssimas decisões na área econômica e festas inapropriadas durante a pandemia.

Raab é a terceira baixa do gabinete de Sunak em seis meses. Em janeiro, Nadhim Zahawi, presidente do Partido Conservador que tinha status de ministro, foi demitido por violar o código de ética ao não revelar que era investigado por irregularidades fiscais. Antes, em novembro do ano passado, foi a vez de Gavin Williamson, que também saiu após acusações de assédio moral.

Raab é casado com a brasileira Erika Rey-Raab, com quem tem dois filhos, Peter e Joshua.

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