Rei Charles 3º apoiará investigação sobre papel da monarquia na escravidão

Anúncio é feito após jornal revelar indícios de envolvimento da família real britânica no tráfico negreiro

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Londres | Reuters

O rei Charles 3º, do Reino Unido, apoiará uma investigação sobre os elos da monarquia com a escravidão, anunciou o Palácio de Buckingham nesta quinta-feira (6).

A decisão foi tomada após o jornal The Guardian revelar evidências da ligação da família real com o tráfico negreiro. Segundo a publicação, um documento mostra que, em 1689, o rei William 3º recebeu mil libras em ações na Companhia Real Africana, responsável pelo transporte de milhares de pessoas escravizadas da África para as Américas.

Homem idoso caucasiano de perfil acena com a mão esquerda
O rei Charles 3º, em York - Phil Noble - 6.abr.23/Reuters

O arquivo, encontrado pelo historiador Brooke Newman, contém a assinatura do escravocrata Edward Colson, figura que ficou conhecida após ter sua estátua arrancada e atirada no rio por manifestantes inspirados pelo movimento Black Lives Matter na cidade de Bristol, em 2020.

"Este é um assunto levado muito seriamente pela Sua Majestade", disse o Palácio, em comunicado.

Nos últimos anos, um movimento que questiona as ligações da monarquia britânica com a escravidão —e que pede reparações— tem ganhado força em países do Caribe como Jamaica e Bahamas, onde Charles também é chefe de Estado.

Segundo o Palácio de Buckingham, uma equipe independente de pesquisadores terá acesso à Coleção Real e aos Arquivos Reais para investigar ligações entre a monarquia e a escravidão durante os séculos 17 e 18.

O Palácio citou um discurso de Charles a líderes de ex-colônias britânicas reunidas na Commonwealth em junho, no qual ele disse: "Eu não posso descrever as profundezas do meu pesar pelo sofrimento de tantos, enquanto eu continuo a aprofundar o meu próprio conhecimento sobre o impacto duradouro da escravidão."

O comunicado diz ainda que esse compromisso é mantido com "vigor e determinação" desde que Charles assumiu o trono após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, em setembro.

"Tendo em vista as complexidades destes assuntos, é importante abordá-los da maneira mais minuciosa possível", afirma o Palácio. "Espera-se que a investigação seja concluída em setembro de 2026."

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