A Coreia do Norte testou nesta quinta-feira (13) um modelo de míssil de longo alcance que, segundo analistas militares, pode representar um avanço militar do regime de Kim Jong-un. O disparo causou pânico entre moradores da ilha de Hokkaido, no norte do Japão, onde as autoridades chegaram a ordenar que habitantes se protegessem até se certificarem que o míssil tinha atingido o oceano.
Segundo o Exército sul-coreano, o artefato foi lançado às 7h23 do horário local (19h23 de quarta-feira em Brasília) de uma área próxima a Pyongyang e atingiu o mar por volta das 8h19, percorrendo uma trajetória de cerca de mil quilômetros. É possível que sua origem tenha sido um aeroporto internacional perto da capital, origem de uma série de mísseis de grandes dimensões desde 2017.
Havia especulações entre especialistas de que o míssil em questão fosse um exemplar de um modelo que a ditadura comunista apresentou em uma parada militar em Pyongyang em fevereiro. Também especulava-se que ele era de combustível sólido, o que facilitaria seu armazenamento e transporte, além de permitir que fosse lançado sem praticamente nenhum aviso ou tempo de preparação.
A KCNA, agência estatal de notícias norte-coreana, confirmou os rumores. Segundo a agência, o projétil disparado foi um Hwasong-18, a versão mais moderna do míssil balístico intercontinental do regime de Kim Jong-un, "destinado a aumentar a capacidade de contra-ataque nuclear". E, sim, usava combustível sólido. Além disso, o exercício foi guiado pelo próprio ditador norte-coreano.
"O teste provou a eficiência militar do novo míssil balístico intercontinental como uma capacidade de ataque estratégico", informou a KCNA, acrescentando que o projétil melhorará drasticamente a dissuasão estratégica e a prontidão de contra-ataque nuclear do país.
Bruce Bennett, analista de defesa sênior da empresa americana Rand Corporation, afirmou à agência de notícias Reuters que, embora a Coreia do Norte já tivesse testado mísseis de curto alcance do tipo, o país nunca tinha feito testes com um míssil de combustível sólido de longo alcance.
Um oficial de Seul afirmou que a altitude máxima do míssil não chegou aos 6.000 km, recorde de alguns dos testes norte-coreanos do ano passado. Mesmo assim, o Exército sul-coreano chamou o lançamento de "grande afronta", acrescentando que está em estado de alerta e alinhado com os EUA.
Washington também condenou o episódio, realizando exercícios militares conjuntos com Tóquio sobre o mar do Japão logo após o teste, em uma demonstração de força.
Não se sabe se o artefato norte-coreano adentrou a zona econômica exclusiva japonesa. Seja como for, como havia a previsão de que o míssil atingisse uma área próxima da ilha de Hokkaido, as autoridades emitiram um alerta à população. Escolas adiaram seus horários de abertura, e alguns trens foram interrompidos, de acordo com a emissora local NHK.
O teste de míssil se dá dias depois de Kim clamar pelo que chamou de maneiras mais "pragmáticas e ofensivas" de conter os EUA, que, por sua vez, renovaram sua oferta para voltar a negociar com o regime, apesar da condenação do teste. "A porta não se fechou para a diplomacia, mas Pyongyang precisa encerrar imediatamente suas ações desestabilizadoras e optar por uma postura diplomática", afirmou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Adrienne Watson, em um comunicado.
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