Chile decreta estado de catástrofe após incêndios florestais; mortes sobem a 23

Ministra pede ajuda de governos e empresas do Brasil e da Argentina, e Boric cancela férias

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Santiago | Reuters e AFP

O governo do Chile declarou estado de catástrofe em três regiões nesta sexta-feira (3) após incêndios florestais que atingem a região centro-sul do país causarem uma série de mortes —a cifra de óbitos subiu a 23 na noite deste sábado (4). Aproximadamente 40 mil hectares já foram queimados e centenas de casas, destruídas.

Segundo a ministra do Interior, Carolina Tohá, também há 979 feridos, ao menos 16 deles em estado grave. Dez pessoas continuam desaparecidas.

Autoridades estimam em mais de 250 os focos ativos de incêndio em meio à forte onda de calor, dos quais 80 estão fora de controle. Ao menos 76 começaram ainda na sexta e outros 16 neste sábado. Diante do cenário, Tohá afirmou que coordena ajuda com governos e empresas de Brasil, Argentina, Uruguai, Equador, Venezuela, México, Espanha e EUA.

Casa pega fogo em Santa Juana, no Chile
Casa pega fogo em Santa Juana, no Chile - Juan Gonzalez/Reuters

"Estamos nos tornando um dos territórios mais vulneráveis a incêndios, devido, principalmente, à evolução das mudanças climáticas em nosso território. Isso faz com que o que parecia uma situação extrema três anos atrás seja superado ano após ano", ressaltou. "Foi queimado em uma semana no Chile o que era queimado em um ano inteiro."

Neste sábado, o presidente chileno, Gabriel Boric disse no Twitter que conversou com seu homólogo argentino, Alberto Fernández. "Além de brigadistas, receberemos [de Buenos Aires] maquinário. Estamos gerenciando apoio de diferentes países para enfrentar a emergência", afirmou o político, que interrompeu as férias de verão e viajou para Ñuble e Biobio —que, juntas, somam população de quase 2 milhões de pessoas.

"Meu papel como presidente é garantir que todos os recursos estejam disponíveis para a emergência e para que as pessoas sintam que não estarão sozinhas", disse Boric. Ele também apontou suspeita de que os incêndios possam ter sido iniciados intencionalmente.

Ao menos 11 das mortes, incluindo a de um bombeiro, foram registradas na cidade de Santa Juana, em Biobio, região que fica cerca de 500 quilômetros ao sul da capital, Santiago. O governo determinou o envio de militares e recursos para o combate às chamas.

"As condições nos próximos dias continuarão arriscadas", disse Tohá. Segundo ela, uma frota de 63 aeronaves foi disponibilizada para o reforço e combate ao fogo. Um helicóptero que havia sido contratado pela Corporação Nacional Florestal caiu na região de La Araucanía, matando duas pessoas, que atuavam no apoio às equipes de emergência.

Algumas famílias buscaram refúgio em abrigos, segundo a agência chilena de desastres Senapred. As chamas interromperam o tráfego em rodovias e vários assentamentos foram esvaziados.

As previsões meteorológicas nesta sexta indicavam temperaturas acima de 38°C na capital de Nuble, Chillán, com ventos fortes que ameaçavam o alastramento das chamas.

A situação, longe de ser controlada, lembra a catástrofe ocorrida na região em 2017, quando 11 morreram e cerca de 6.000 ficaram desabrigadas nos incêndios que queimaram mais de 450 mil hectares e destruíram 1.500 casas. Como naquele ano, os focos de incêndios começaram em áreas agrícolas e florestais e progrediram até ameaçar e destruir áreas povoadas.

A declaração do estado de catástrofe permite a disponibilização de recursos adicionais para a situação de emergência e socorro dos impactados, além do emprego de forças militares no combate às chamas.

Para especialistas, fortes ondas de calor como a que atinge o Chile têm relação com o agravamento da crise climática —que multiplica a ocorrência de eventos extremos no planeta.

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