Amsterdã anunciou nesta quinta (9) que banirá o consumo de maconha nas ruas do bairro De Wellen, o distrito da luz vermelha, conhecido pelos clubes de sexo. A cidade também tornará mais rígidas as regras para estabelecimentos da área, assim como as normas relativas à venda e ao consumo de álcool.
As medidas tentam amenizar os efeitos negativos do turismo de massa, que têm incomodado moradores.
"Residentes sofrem muito com o turismo de massa e o abuso de álcool e de drogas nas ruas. Turistas também atraem traficantes, que são causa de crime e insegurança. A atmosfera da noite pode ficar especialmente sombria", afirmaram autoridades da cidade, em comunicado.
As novas regras valerão a partir de meados de maio, e as autoridades consideram estender a proibição da maconha para áreas externas dos chamados coffee shops, as lojas que comercializam a cânabis.
De quinta a domingo, estabelecimentos que comercializam álcool já são proibidos de vender produtos alcoólicos após as 16h do horário local e agora deverão também retirá-los das vitrines.
Cafés e restaurantes ainda terão de antecipar o horário de fechamento, hoje marcado para as 3h em dias úteis. A partir de maio, terão de parar de funcionar às 2h, e nenhum novo cliente poderá entrar depois de 1h. Casas de prostituição também são alvo das medidas. Antes abertas até as 6h, precisarão fechar às 3h.
Com menos de 1 milhão de habitantes, a capital holandesa recebe algumas dezenas de milhões de turistas, estrangeiros e nacionais, por ano, e o distrito da luz vermelha costuma ser o principal destino.
Desde 2018, autoridades de Amsterdã buscam o que chamam de "novo equilíbrio" entre a atividade turística e o cotidiano dos moradores. "Turismo é uma parte fundamental do caráter internacional de Amsterdã, e nós precisamos continuar cuidando disso. Ao mesmo tempo, porém, os aspectos positivos do turismo estão sendo ofuscados pelas suas consequências negativas", afirma a coalizão municipal.
Entre os pontos destacados para chegar a esse resultado estão reduzir multidões em espaços públicos, implementar tarifas mais justas para visita e uso da cidade e atrair visitantes para áreas menos ocupadas.
Em 2019, antes da pandemia da Covid abalar o turismo global, a atividade gerava US$ 23,7 bilhões (cerca de R$ 123,9 bilhões) em receitas à Holanda, segundo o Banco Mundial —em 2020, o valor foi de US$ 10,9 bilhões (R$ 57 bilhões). O distrito da luz vermelha foi muito atingido, e clubes e casas de sexo foram obrigados a fechar por meses antes de reabrir com recomendações para que beijos fossem evitados.
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