Marielle Tierney, 46, achou que uma bomba tivesse caído perto de seu apartamento ao ser acordada por uma explosão por volta das 5h40 desta sexta-feira (16). Vizinha do hotel Radisson Blu em Berlim, o que ela ouviu foi o som de um aquário de 16 metros de altura se rompendo e espalhando mais de mil toneladas de água e detritos em uma rua no movimentado distrito de Mitte, no centro da cidade.
"Nosso apartamento fica no mesmo complexo que o hotel, então [o barulho] foi alto", diz a americana, que atua como voluntária recebendo refugiados ucranianos na estação central de trem de Berlim, em email à Folha. O complexo de lazer abriga ainda um museu, lojas e restaurantes, além do aquário —que, chamado de AquaDom, era a maior estrutura cilíndrica independente do mundo, segundo a administração.
Tierney conta que, assim que acordou, abriu a porta de sua varanda e se deparou com seguranças indo de um lado para o outro. Demorou cerca de cinco minutos para a polícia e os bombeiros chegassem ao local. Cem socorristas foram acionados, segundo a polícia.
A princípio, a névoa era tanta que ela mal conseguia enxergar o entorno. Foi só quando o vapor se dissipou e o sol nasceu que a devastação ficou visível, prossegue Tierney. Vários dos restaurantes do complexo foram destruídos, e a garagem de seu prédio foi alagada, assim como as unidades de armazenamento localizadas no subsolo. "Tentei salvar alguns dos meus pertences, mas vamos ver", diz.
A americana compara a situação aos danos causados por um tsunami e afirma estar aliviada que não houve mortes. "Tenho certeza de que haveria se [a explosão] tivesse acontecido mais tarde."
A fala é semelhante à da prefeita de Berlim, Franziska Giffey, que em entrevista à emissora RBB afirmou que se o incidente tivesse acontecido apenas uma hora depois, "provavelmente teríamos perdas humanas terríveis para relatar".
Duas pessoas foram feridas por estilhaços após a explosão, incluindo um funcionário do Radisson. Enquanto isso, cerca de 350 hóspedes do hotel deixaram o local a pedido das equipes de emergência, que temem danos estruturais. Como a temperatura do exterior estava em torno de -7°C pela manhã, ônibus foram enviados para acolhê-los.
Em um email enviado aos membros de seu clube de vantagens, a rede Radisson afirmou que o hotel ficará fechado indefinidamente. A companhia Aquadom, que operava um elevador no centro do aquário, também anunciou que suspendeu suas atividades por enquanto.
A causa da explosão ainda é desconhecida, mas uma das suspeitas das autoridades é de que as baixas temperaturas tenham provocado rachaduras na estrutura, que acabou cedendo à pressão das mil toneladas de água.
Segundo as autoridades, todos os 1.500 peixes que viviam no aquário morreram. Agora, bombeiros e funcionários do complexo de lazer onde a estrutura ficava tentam salvar outros 500 peixes menores que estão alojados em aquários sob o saguão do hotel. Isso porque a explosão afetou a energia do edifício, e a falta de eletricidade interrompeu o fornecimento de oxigênio necessário para a sobrevivência dos animais.
O AquaDom foi fechado para reformas em outubro de 2019. Devido à Covid, seguiu fechado por quase três anos, até junho deste ano. Segundo a empresa que o administra, o aquário abriga espécies que vão de peixes-palhaços, como o do filme "Procurando Nemo", a cavalos-marinhos, águas-vivas e arraias.
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