Chuva sem precedentes paralisa Lisboa e acende alertas em Portugal

Precipitação em nível recorde deixa ruas alagadas, arrasta carros e trava linhas de transporte público

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Lisboa

A chuva recorde na região metropolitana de Lisboa deixou um rastro de destruição e problemas nesta terça-feira (13), com ruas alagadas, carros arrastados pela força das águas, estradas fechadas e linhas de trem e metrô interrompidas.

Ainda no começo da manhã, o prefeito da capital, Carlos Moedas, pediu que os lisboetas evitassem sair de casa ao longo do dia. A Proteção Civil de Portugal fez alerta semelhante, estendido para outras regiões do país onde houve precipitação intensa.

Embora praticamente todo o território português esteja sob alerta, a região de Lisboa concentrou o maior número de incidentes documentados.

Rua alagada em Frielas, na grande Lisboa, após chuva sem precedentes na capital de Portugal - Carlos Costa - 13.dez.22/AFP

"Temos muitas zonas da cidade que estão em estado de catástrofe", disse Moedas. Em decorrência das limitações de circulação, várias escolas e universidades cancelaram as aulas, e empresas encerraram as atividades ou permitiram que os funcionários trabalhassem de casa.

Dados do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) divulgados ao jornal Expresso indicam que nunca na série histórica choveu tanto em Lisboa em um período de 24 horas.

No começo da tarde, vias importantes permaneciam com a circulação interrompida ou limitada. A chuva, intensa na madrugada, prolongou-se durante todo o dia, e a previsão é de que o tempo chuvoso perdure.

Esta é a segunda vez em menos de uma semana que chuvas intensas causam estragos no país. Na última quinta (8), outra tempestade já havia causado danos, tendo coincidido ainda com a alta do rio Tejo. No município de Algés, na grande Lisboa, uma pessoa morreu.

Embora agora ainda não haja registro de mortes, os prejuízos materiais se acumulam. Inundações em casas e estabelecimentos comerciais provocaram estragos em vários pontos do país.

Em Lisboa, o bairro de Alcântara foi um dos mais afetados. Por lá, o restaurante A Coxinharia amanheceu alagado pela segunda vez em uma semana. O empresário brasileiro Glauco Junqueira, que ainda contabilizava os prejuízos da primeira inundação, agora corre para limpar o espaço e tentar garantir a volta das operações, ainda que em condições precárias.

"A sensação é de impotência é a primeira coisa que vem à tona, seguida de enorme frustração e revolta. E claro, a incerteza. Há perdas evidentes, não só de faturamento: de equipamentos, mercadorias e danos patrimoniais", diz.

Dona de um estúdio de estética no Cais Sodré, no centro, a catarinense Keisy Lyra também enfrenta prejuízos. Ainda que a água não tenha danificado as instalações, ela precisou cancelar toda a agenda do dia, uma vez que a circulação na cidade está impossibilitada.

Além do prejuízo financeiro, Lyra conta que também temeu por sua segurança. Na tempestade anterior, ela viu o carro ficar cercado pela água no trajeto de volta para casa. "Achei que era só uma chuva forte, mas normal. Eu não tinha noção de que ia tomar a proporção que tomou. Fiquei apavorada."

A falta de comunicação das autoridades foi uma das grandes críticas dos especialistas. Nesta semana, a Proteção Civil enviou mensagens de texto com alertas sobre as chuvas intensas, em português e em inglês, à população. O prefeito de Lisboa diz que, embora a cidade enfrente problemas de enchentes há vários anos, o aumento da frequência dos episódios está relacionado à crise climática. "Temos de nos preparar para mudanças estruturais na cidade", afirmou Moedas.

Especialistas em planejamento urbano pedem que a capital portuguesa tire do papel projetos para melhorar a capacidade de escoamento da água das chuvas. A previsão da Câmara Municipal, equivalente à Prefeitura, é de que as obras de construção de novos túneis de drenagem comecem em março de 2023.

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