O ditador Kim Jong-Un revelou o rosto de uma de suas filhas pela primeira vez, com a divulgação, pela agência estatal KCNA, de fotos de um novo lançamento de míssil intercontinental realizado nesta sexta-feira (18) pela Coreia do Norte.
O Hwasong-17, que tecnicamente tem capacidade de atingir território americano, caiu na costa do Japão, elevando novamente as tensões na região. Depois do lançamento, Kim voltou a colocar na mesa as cartas nucleares contra Washington e seus aliados. "Se as ameaças dos inimigos continuarem, responderemos com confronto e armas nucleares", disse, segundo a mídia do regime.
A existência de filhos de Kim Jong-un nunca havia sido confirmada oficialmente pela ditadura. A KCNA não divulgou o nome da menina, apenas fotos dela, de casaco branco, ao lado do pai supervisionando o míssil e o lançamento e depois celebrando o resultado.
"É a primeira vez que vemos a filha de Kim em um evento público. Trata-se de algo altamente significativo, que representa um certo grau de conforto por parte do líder", diz à agência Reuters Michael Madden, especialista em assuntos da Coreia do Norte no Stimson Center.
Acredita-se que o ditador tenha até três filhos, sendo duas meninas e um menino. Alguns observadores acreditam que um deles já tenha sido visto em celebrações de um feriado nacional em setembro, mas a identidade não foi confirmada pelo regime.
Em 2013, o ex-jogador de basquete americano Dennis Rodman disse que Kim tinha uma filha ainda bebê chamada Ju Ae. Depois de visitar o país, o atleta contou ao jornal britânico The Guardian que ele se encontrou com a família do ditador e segurou a criança no colo.
"Ju Ae tem idade estimada de 12 ou 13 anos, o que significa que em quatro ou cinco anos ela estará na fase de entrar na universidade ou prestar o serviço militar", diz Madden.
"Isso poderia indicar que ela está sendo educada e preparada para um posto de liderança —para assumir a condução do regime ou se tornar conselheira ou uma agente de bastidores, como a tia."
A ditadura nunca anunciou quem seria o sucessor de Kim no caso de ele não poder continuar à frente do regime. Com poucos detalhes conhecidos sobre sua prole, analistas especulam que sua irmã e autoridades de confiança poderiam formar uma espécie de regência até que um sucessor tenha a idade para assumir.
Segundo Madden, a aparição da filha do líder no evento desta quinta sugere que a família pode ter uma quarta geração à frente do país. "Sua presença foi pensada para uma audiência de elite."
Além da menina, o lançamento contou com outra presença relativamente rara: a de Ri Sol-ju, mulher de Kim. "Sempre que ela aparece, há uma mensagem estratégica por trás, normalmente pensada para reduzir tensões, balancear mensagens negativas ou mostrar a coesão familiar em tempos de turbulência interna", afirma Ken Gause, estudioso do país na CNA.
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