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Tufão na Coreia, calor na China, enchente no Paquistão: Ásia sofre com eventos extremos

Recordes de chuvas e de temperaturas matam milhares no continente

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Sehwan (Paquistão), Pequim e Seul | AFP e Reuters

Do tufão mais forte a atingir a Coreia do Sul em décadas a inundações que cobriram um terço do Paquistão, passando por uma onda de calor sem precedentes na China, as mudanças climáticas continuam a gerar eventos extremos na Ásia, com consequências graves para a população.

No Paquistão, as enchentes foram causadas pelo derretimento de geleiras nas montanhas do norte e pelo volume recorde das monções —choveu, em julho e agosto, quase 190% mais do que a média de 30 anos, totalizando 391 mm. O mais recente balanço de mortos, com 18 novas vítimas contabilizadas nas últimas 24 horas, incluindo 8 crianças, chegou a 1.343.

Pessoas observam as ondas geradas pelo tufão Hinnamnor em Ulsan, na Coreia do Sul - Yonhap - 6.set.22/AFP

Cerca de 33 milhões de pessoas, da população de 220 milhões, foram afetadas, em um desastre que causou perdas de pelo menos US$ 10 bilhões.

As águas varreram 1,6 milhão de casas, 5.735 km de linhas de transporte e 750 mil cabeças de gado, além de terem inundado mais de 800 mil hectares de terras agrícolas.

Após visitar áreas atingidas no sul do país, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif disse nesta quarta (7) que várias regiões se parecem com um mar. "Você não acreditaria na escala de destruição", disse à imprensa após chegar da província de Sindh, onde o maior lago de água doce do país está perigosamente perto de transbordar. "É água por toda parte, até onde você pode ver."

O recuo das águas representa uma ameaça também com as doenças infecciosas transmitidas pela água. A Organização Mundial da Saúde disse que mais de 6,4 milhões de pessoas precisam de apoio humanitário nas áreas inundadas, e a ONU pediu US$ 160 milhões em ajuda para as vítimas.

A nordeste no continente, a passagem do tufão Hinnamnor, o mais forte a atingir a Coreia do Sul em décadas, provocou dez mortes, de acordo com o balanço atualizado divulgado pelas autoridades. Mais de 4.700 pessoas tiveram que abandonar suas casas e quase 12 mil imóveis foram destruídos.

Na cidade portuária de Pohang, ao sul, equipes de emergência encontraram sete corpos e dois sobreviventes na garagem de um edifício residencial —elas ficaram bloqueadas quando desceram para retirar seus carros durante a chuva.

As autoridades confirmaram outra morte nesta quarta em Pohang e uma em Gyeongju, onde uma pessoa foi atingida por um deslizamento de terra. Duas pessoas ainda estão desaparecidas.

Perto dali, a China ainda sente os efeitos de semanas de uma onda de calor sem precedentes e de uma seca histórica que ameaça colheitas, em especial as de arroz e soja. O país registrou o agosto mais quente desde o início da contagem de dados, em 1961, com média de 22,4°C —1,2°C a mais que o recorde histórico anterior. Mais de 260 estações igualaram ou romperam os recordes de calor para o mês, segundo a emissora pública CCTV.

Várias cidades importantes registraram os dias mais quentes de sua história e, devido à falta de chuvas, muitos trechos de rios secaram, a exemplo do Yangtze, o maior do país.

Em setembro as temperaturas começaram a cair, mas o clima deixou a rede elétrica em uma situação delicada, e várias províncias tiveram que racionar energia, afetando gravemente o comércio e os serviços.

A província de Sichuan, no sudoeste, foi uma das mais afetadas. A capital da província, Chengdu, reduziu a iluminação do metrô e desligou outdoors; residências também enfrentam racionamento, e muitas pessoas passaram a procurar shoppings ou estações de transporte público em busca de temperaturas amenas.

Agosto também foi o terceiro mês mais seco registrado no país, com uma média de chuvas 23,1% inferior ao habitual, segundo a CCTV. Uma fonte do serviço meteorológico chinês advertiu que as previsões mostram temperaturas mais elevadas que o habitual na China para este setembro.

Aquecimento global e eventos extremos

No ano passado, um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço das Nações Unidas para questões do clima, traduziu em números o impacto da emergência climática na ocorrência de eventos extremos nos últimos 50 anos.

O documento contabilizou mais de 11 mil eventos, entre secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios de 1970 a 2019. Enquanto nos anos 1970 foram 711 desses fenômenos, na década de 2000 o número passou a 3.536 e, na seguinte, a 3.165 —aumento de cinco vezes.

Como consequência, há uma soma de mais de 2 milhões de mortes e um prejuízo econômico que ultrapassa US$ 3,4 trilhões. Espraiando os números absolutos, é como se, a cada dia dos últimos 50 anos, 115 pessoas tenham morrido e mais de US$ 200 milhões de prejuízo fossem gerados por desastres climáticos.

O continente asiático foi o mais afetado, com mais de 3.400 desastres contabilizados ao longo das últimas cinco décadas, o que levou a quase 1 milhão de mortes.

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