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Furacão Ian causa apagão em Cuba depois de atingir ilha

Ventos fortes e inundações devastaram cidades no oeste do país, segundo agência de notícias

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Pinar del Rio e Consolación del Sur (Cuba) | Reuters e AFP

A rede elétrica de Cuba entrou em colapso na noite desta terça-feira (27), deixando todo o país sem energia. O apagão acontece em meio à passagem do furacão Ian pela ilha.

Lázaro Guerra, diretor técnico da União Elétrica de Cuba, agência estatal do setor, disse que uma falha no sistema elétrico nacional, em parte associada à tempestade, afetou a infraestrutura. De acordo com ele, funcionários da empresa trabalharão pela madrugada até esta quarta (28) para restabelecer a energia.

Família anda em rua alagada de Batabano, em Cuba
Família anda em rua alagada de Batabano, em Cuba - Yamil Lage -27.set.22/AFP

O sistema elétrico da ilha já vive uma crise crônica, realçada por cortes periódicos até na capital, admitida inclusive pelo regime. Além de obsoleta e perto do colapso, a rede viu o quadro ser agravado por incêndios recentes; 19 dos 20 blocos de geração de energia passam de 35 anos de vida útil, e trabalhos de manutenção e constantes avarias deixam pouca margem de manobra.

"O sistema já estava operando sob condições complexas em meio à passagem do furacão", disse Guerra. "Não há serviço de eletricidade em nenhuma parte do país neste momento."

Meteorologistas estimam que o furacão possa se tornar um dos mais fortes dos últimos anos, causando tempestades ao longo de toda a semana. A previsão inicial era de que o Ian ganhasse ainda mais força ao cruzar o Golfo do México, podendo gerar ventos de mais de 180 km/h nas costas leste e oeste da Flórida, nos Estados Unidos.

Nesta terça, ventos fortes e inundações já devastaram cidades no oeste de Cuba. Há relatos de árvores derrubadas e imóveis destruídos, mas até a publicação deste texto não havia confirmação de vítimas.

"O furacão Ian se distancia do território nacional, mas seus efeitos destrutivos ainda persistem", escreveu a Defesa Civil de Cuba durante a tarde, pedindo cautela à população. Apesar da queda de intensidade dos ventos, a chuva continuava em várias cidades da ilha por volta das 21h.

A cidade de San Juan y Martínez, a 190 km de Havana, com cerca de 45 mil habitantes, foi um dos lugares mais atingidos pelo fenômeno. O local é conhecido por abrigar plantações de tabaco, associadas aos charutos cubanos. "Foi apocalíptico, um verdadeiro desastre", escreveu no Facebook o proprietário de uma fazenda fundada em 1845.

De acordo com a imprensa local, telhados e janelas foram arrancados, construções desabaram e há escombros espalhados pelo chão.

Na mesma região, moradores do município de Pinar del Río viram as enchentes estragarem os cultivos e derrubarem as árvores —troncos pareciam ter sido cortados com um machado, segundo jornalistas da agência AFP.

O líder cubano, Miguel Díaz-Canel, visitou a cidade e disse que "os danos são grandes, ainda que não seja possível contabilizá-los". "A ajuda já está chegando de todo o país. Confiamos no povo de Pinar del Río, um povo nobre, trabalhador e com muita experiência nessas situações. Tenham certeza de que vamos nos recuperar", escreveu em sua conta no Twitter.

Cerca de 40 mil pessoas já haviam sido retiradas de casa na cidade, segundo o governo local.

A tempestade também atingiu a capital Havana, onde 4.000 pessoas foram retiradas de casa. Na cidade, galhos de árvores obstruíram ruas e ventos carregaram telhados de zinco e placas de trânsito.

Do outro lado do Golfo do México, moradores da Flórida se preparam desde segunda (26) para diminuir os eventuais danos do furacão Ian. No estado americano, mais de 2,5 milhões de pessoas estão sob ordens de evacuação ou avisos de alerta de tempestades.

"A hora de sair é agora. Pegue a estrada", disse o diretor de gerenciamento de emergências da Flórida, Kevin Guthrie. Especialistas apontam que o furacão pode atingir a categoria 4 —quando a velocidade dos ventos supera 209 km/h.

Até por isso, cerca de 60 distritos escolares do estado estão fechados, segundo o governador Ron DeSantis; as instituições foram designadas como abrigos. Além disso, mais de 2.000 voos que passariam pelas regiões eventualmente afetadas foram cancelados.

Ainda nesta terça, DeSantis conversou por telefone com o presidente dos EUA, Joe Biden. Segundo a Casa Branca, o governo federal enviará socorristas e reforço financeiro ao estado.

Meteorologistas apontam que as mudanças climáticas tornam os furacões mais úmidos, com ventos mais frequentes e intensos. Além disso, as tempestades estariam mais lentas e, portanto, despejando mais água em um só lugar.

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