O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pregou um novo rumo para as Forças Armadas do país em uma cerimônia em Bogotá neste domingo (21). Diante do novo alto comando militar, afirmou que as tropas devem se preparar para ser um "exército da paz" após décadas de conflito interno.
Ex-guerrilheiro, o primeiro líder de esquerda do país disse que as tropas precisam mudar o conceito de guerra, já que optou pelo diálogo com o ELN (Exército de Libertação Nacional), considerada a última guerrilha reconhecida, e pela proposição de acordos com os demais grupos para que cessem a violência em troca de benefícios penais.
Ele ressaltou que seu maior desafio é construir os "pilares fundamentais de uma paz que se torne definitiva", depois do que chamou de "violência permanente" e "guerra perpétua".
Petro nomeou em 12 agosto uma nova cúpula das Forças Armadas. Assim, antecipou de forma inédita a aposentadoria de cerca de 30 generais do Exército e da Polícia.
No evento do sábado, o presidente foi reconhecido como comandante-chefe de 228 mil soldados e 172 mil policiais —juntos, eles formam as maiores Forças Armadas do continente depois do Brasil. O presidente colombiano ainda destacou que o futuro "exército da paz" terá que lidar com a "função essencial de defesa da soberania nacional" diante de ameaças como o crime organizado vinculado ao tráfico de drogas.
Nesse sentido, voltou a destacar o fracasso da atual luta contra as drogas: "Enquanto se mantiver uma política errada contra as drogas, os colombianos continuarão matando uns aos outros", disse, acrescentando a necessidade de pressionar por mudanças mundiais no enfrentamento à questão.
Por décadas, os Estados Unidos destinaram milhões de dólares em treinamento e equipamentos contra o tráfico de drogas e os grupos rebeldes. No discurso aos militares, Petro ainda os convidou a assumir a proteção da Floresta Amazônica diante do avanço do desmatamento e a desenvolver a indústria nas áreas dos transportes aéreo e fluvial.
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