Enquanto uma forte onda de calor castiga o norte e o centro da China, sete províncias do sul enfrentam chuvas que provocaram as piores enchentes no país em décadas. Milhares estão desabrigados.
Só na província de Guangdong, a mais populosa da China, as chuvas impactaram quase 480 mil pessoas e provocaram o desmoronamento de 1.729 casas, segundo o departamento para gerenciamento de emergências da região. Os estragos se estendem para a agricultura, com danos em 27,1 hectares de plantações. O resultado é um prejuízo estimado em ao menos US$ 261 milhões (R$ 1,35 bilhão).
Nesta quarta-feira (22), 113 rios do país ultrapassaram os níveis de alerta para enchentes, de acordo com o Ministério de Recursos Hídricos. Na cidade de Yingde, em Guangdong, moradores publicaram nas redes sociais que a água e a energia foram cortadas devido à inundação da área.
Autoridades de Yingde realocaram moradores no sul da cidade e aconselharam outros a não deixarem suas casas. As lojas ficaram sem alimentos básicos, entre os quais óleo e arroz, o que tem levado consumidores a uma corrida para fazer estoques. Aldeões ficaram ilhados na província de Jiangxi e precisaram ser resgatados depois que as inundações destruíram estradas e pontes. Em Fujian, autoridades também emitiram alertas para chuvas recordes e risco alto de desastres naturais.
Não bastassem as fortes chuvas, na semana passada a cidade de Guangzhou foi atingida por um tornado que danificou propriedades, inundou terras agrícolas e forçou o deslocamento de milhares de pessoas.
Já no mês de abril, antes da estação chuvosa que sinaliza a transição da primavera para o verão, as autoridades chinesas haviam emitido alertas de "eventos climáticos extremos". A China é historicamente propensa a inundações que provocam deslizamentos de terra e inundam hectares de áreas agrícolas.
Nos últimos tempos, entretanto, o país se tornou ainda mais vulnerável devido ao desmatamento, à recuperação de áreas úmidas e ao armazenamento de água para geração de energia e irrigação. A China também aponta as mudanças climáticas pelo aumento de eventos extremos.
Desde maio, as chuvas na bacia do rio das Pérolas —um vasto sistema fluvial que abrange Guangdong e partes de Guangxi, Jiangxi, Hunan, Guizhou e Yunnan— foram as maiores já registradas desde 1961, de acordo com o Centro Nacional do Clima da China. Enquanto isso, as temperaturas no centro e no norte do país atingiram altas incomuns, ultrapassando os 40º C.
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