O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta sexta-feira (26), em entrevista coletiva, ter descoberto um plano de golpe de Estado com participação de russos programado para ocorrer na semana que vem.
O líder ucraniano não deu detalhes nem acusou o governo russo de envolvimento, ainda que tenha destacado a ameaça de escalada militar do Kremlin —segundo ele, a Ucrânia estaria pronta para isso.
A Rússia prontamente negou qualquer papel numa ação conspiratória e afirmou não ter a intenção de participar de atos do tipo. Nas últimas semanas, Moscou aumentou o número de tropas na fronteira com a Ucrânia, o que disparou manifestações de Kiev, EUA e Otan, a aliança militar ocidental, quanto a um eventual ataque russo —uma sugestão classificada pelo Kremlin de falsa e alarmista.
A Casa Branca, por exemplo, por meio do secretário de Estado Antony Blinken, disse temer a repetição de 2014 —quando, reagindo ao golpe que derrubou o governo pró-Moscou em Kiev, a Rússia anexou a Crimeia e fomentou a guerra civil que fez do leste ucraniano uma terra regida por separatistas.
"Temos desafios não só da Rússia e de uma possível escalada —temos grandes desafios internos. Recebi informação que um golpe de estado aconteceria em nosso país entre 1º e 2 de dezembro", disse Zelenski, que acrescentou que a Ucrânia tem registros de áudio como evidência dos planos de golpe.
Moscou e Kiev trocam acusações devido ao aumento das tensões nas últimas semanas, o que fez crescer o temor de que o conflito entre a Ucrânia e os separatistas apoiados pela Rússia possa explodir em uma nova guerra aberta. "Estamos em total controle das nossas fronteiras e completamente preparados para qualquer escalada", afirmou Zelenski.
O chefe da inteligência militar da Ucrânia disse ao site Military Times na semana passada que a Rússia tem mais de 92 mil tropas concentradas em torno das fronteiras do país e estaria preparando um ataque para o fim de janeiro ou para o começo de fevereiro. O Kremlin não nega e diz que como posiciona suas forças é problema seu, mas voltou a negar que tenha intenção de atacar o vizinho.
A Ucrânia, que busca integrar a Otan, recebeu uma grande remessa de munições dos EUA e de mísseis Javelin no início deste ano, gerando críticas de Moscou. Zelenski disse também que o seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, em breve entraria em contato com autoridades da Rússia sobre o impasse entre os países. Separadamente, Yermak disse que falaria com o oficial sênior do Kremlin Dmitri Kozak.
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