Pela primeira vez, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita falou sobre seu envolvimento na morte do jornalista Jamal Khashoggi no ano passado por agentes sauditas.
O assassinato "aconteceu sob minha vigilância", disse Mohammed bin Salman —conhecido por MBS— a um documentário da rede norte-americana PBS que será exibido no dia 1ª de outubro.
Khashoggi, que era colunista do jornal The Washington Post e crítico ao regime da Arábia Saudita, foi assassinado no consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018.
"Aconteceu sob minha vigilância. Eu recebo toda a responsabilidade, porque aconteceu sob minha vigilância", disse o príncipe ao repórter Martin Smith, de acordo com um trecho do documentário "O Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita".
A CIA e alguns governos ocidentais afirmam que o príncipe herdeiro ordenou pessoalmente o assassinato, mas autoridades sauditas diziam que ele não teve envolvimento.
A narrativa oficial saudita atribuiu o assassinato a agentes desonestos.
Quando o príncipe herdeiro foi questionado sobre como o assassinato poderia acontecer sem que ele soubesse, ele teria dito ao repórter: "Temos 20 milhões de pessoas. Temos 3 milhões de funcionários do governo".
O promotor público da Arábia Saudita disse que o então vice-chefe de inteligência ordenou o repatriamento de Khashoggi, que morava em Washington, mas o negociador principal pediu que ele fosse morto depois que as conversas sobre seu retorno fracassaram.
Segundo o promotor, Saud al-Qahtani, um ex-consultor da realeza, teria dado ordens por Skype aos assassinos e os informado sobre as atividades do jornalista antes de ele ser morto.
Smith então perguntou se os assassinos poderiam ter usado jatos privados do governo, aos quais MBS respondeu: "Eu tenho oficiais, ministros para seguir as coisas, e eles são responsáveis. Eles têm autoridade para fazer isso".
Onze suspeitos sauditas foram julgados em processos secretos pela morte do jornalista, mas apenas algumas audiências foram realizadas. Um relatório da ONU pediu que o príncipe Mohammed e outras autoridades do país fossem investigadas.
Khashoggi foi visto pela última vez no consulado saudita em Istambul, em 2 de outubro.
Ele foi até o local para buscar documentos para o casamento com sua noiva, a turca Hatice Cengiz, mas nunca saiu de lá.
Seu corpo foi desmembrado e removido do prédio e seus restos mortais não foram encontrados.
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