A eleição geral na Índia, a maior do mundo, chega à sétima e última fase de votação neste domingo (19).
Das praias de Goa às favelas de Bombaim e aos mosteiros de Ladakh, ao lado do Himalaia, 900 milhões de pessoas foram convocadas para votar nas últimas seis semanas, desde 11 de abril.
Nesta etapa, sete estados do norte elegem os últimos 59 candidatos para ocupar os 543 assentos na câmara baixa.
Concorrem o nacionalista hindu Narendra Modi, do BJP (Bharatiya Janata Party, ou partido do povo indiano) e o congressista de oposição Rahul Gandh, herdeiro da dinastia Nehru-Gandhi, que governou o país por 49 anos e saiu em meio a acusações de corrupção.
As pesquisas preveem nova vitória do BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi, embora com maioria parlamentar menor.
O resultado será divulgado na próxima quinta-feira (23), quando a contagem de todos os votos será feita. Até lá, as máquinas de votação são armazenadas em salas blindadas com guardas e câmeras de vigilância que controlam todos os movimentos.
As autoridades impuseram grandes medidas de segurança no estado de Bengala Ocidental, palco de episódios de violência entre os seguidores do partido nacionalista hindu de Modi e da oposição.
Uma bomba caseira foi jogada de uma motocicleta contra um centro eleitoral na capital do estado, Calcutá, mas ninguém ficou ferido, disseram as autoridades.
Um grupo atacou um escritório do BJP na cidade, e a polícia teve que remover ativistas que bloquearam as seções eleitorais.
A campanha eleitoral foi considerada agressiva e por vezes violenta, cheia de insultos entre os dois políticos e notícias falsas. O primeiro-ministro se apresenta como “chowkidar” (vigilante) da nação. Modi chamava Gandhi de "burro" e de "ladrão".
Houve diversos casos de imagens manipuladas, como as que mostravam Ghandi e Modi almoçando com Imran Khan, o primeiro-ministro do Paquistão. Também houve mortes. Os rebeldes maoístas que se opõem ao estado indiano mataram 15 soldados no estado de Maharashtra, no oeste do país, em 1º de maio.
O governo de Modi não conseguiu criar empregos suficientes para os milhões de indianos que entram no mercado de trabalho a cada mês, e a chocante e inesperada “desmonetização” —retirada de notas para coibir a informalidade—, em 2016, causou enormes problemas para as famílias.
Linchamentos de muçulmanos e membros da casta baixa Dalit por comer carne aumentaram durante o mandato de Modi, fazendo com que parte dos 170 milhões de muçulmanos do país se sentissem ameaçados e ansiosos sobre seu futuro.
O distrito eleitoral de Modi, em Varanasi, a cidade sagrada do estado de Uttar Pradesh, o estado mais populoso, estava entre os que votaram neste domingo (19).
No sábado (18), o nacionalista hindu de 68 anos iniciou um retiro espiritual em um santuário do Himalaia.
NÚMEROS DA MAIOR ELEIÇÃO DO MUNDO
São sete fases de votação:
- de 11 de abril até 19 de maio
- contagem dos votos acontece no dia 23 de maio
543 legisladores da Lok Sabha, espécie de Câmara dos Deputados, serão eleitos, cada um representando uma área geográfica (outros 2 são nomeados, num total de 545)
O partido que obtiver a maioria forma o governo e indica o primeiro-ministro. Se nenhum partido alcançar, sozinho, a maioria, formam-se coalizões
1,04
milhão de postos de votações
1,1 milhão
de urnas eletrônicas
10 milhões
de funcionários públicos trabalhando na eleição
464
partidos políticos participaram da eleição de 2014
Em 2014, o BJP, sigla do premiê Narendra Modi, elegeu 282 legisladores e obteve sozinho a maioria na Lok Sabha
A campanha eleitoral custará US$ 7 bilhões, segundo estimativas
Nas primeiras quatro fases do pleito de 2019, em média 67% dos eleitores votaram
Fonte: Comissão Eleitoral da Índia
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