Mal se anunciou o surpreendente nome do primeiro filho de Harry e Meghan, as conversas sobre Archie Harrison viraram o passa tempo predileto de uma terra que não aguenta mais falar só de brexit.
Chamou a atenção dos “comentaristas reais” (o que por lá é profissão) um composto de dois nomes que, mais do que simplesmente ausentes do cardápio tradicional da família, são evoluções ocorridas no último meio século.
Archie é uma abreviação carinhosa do vetusto Archibald, assimilada como nome de registro. Algo semelhante ao que ocorreu no Brasil, entre muitos outros, com Tom e Malu.
Harrison (que tem um eco óbvio de “Harry’s son”, filho de Harry) é um sobrenome que faz dupla jornada como nome próprio, fenômeno em que o inglês é profícuo com seus Cohens, Sheldons, Marleys e Ashleys.
Não houve no Brasil um movimento equivalente que chegasse a ser significativo.
Um perfume plebeu —charmoso e sonoro, mas plebeu— ronda o batismo do novo membro da família real britânica, que em compensação carregará o sobrenome Mountbatten-Windsor. Mas os pais abriram mão do título de Earl a que o rebento teria direito por ser o primeiro filho de um duque.
Sem serem corriqueiros, os dois nomes têm certa popularidade: Archie foi o 18º. mais comum entre os bebês nascidos na Inglaterra e no País de Gales em 2017.
Harrison ficou um pouco atrás, em 34º. lugar, mas tem a vantagem de superar Archie nos EUA, terra de Meghan.
Mais britânicos que americanos, no fim das contas os dois são nomes internacionais, como se especulava que seriam: o território que demarcam é mais geracional que geográfico.
A escolha foi considerada a cara dos dois jovens que introduziram o casamento inter-racial no seio da realeza britânica em maio do ano passado —sem que a casa de Windsor tenha caído por causa disso. Pelo contrário, parece ter adotado a novidade como uma bênção de marketing. Sinal dos tempos.
Isso quer dizer que a irreverência do nome foi anotada, mas recebida com suficiente fanfarra para desencorajar qualquer bolsão de escândalo.
O comentarista Richard Fitzwilliams disse à BBC que achou o nome maravilhoso.
O estilo cool que parecia escandaloso em 1981, quando a primeira neta da rainha Elizabeth foi batizada —onde já se vira?— Zara Philips, é o mesmo que agora, segundo Fitzwilliams, vai “rejuvenescer a monarquia”.
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