A rainha Elizabeth 2ª e os membros da família real britânica devem ser transportados a um local não revelado, fora de Londres, caso um cenário de brexit (saída da União Europeia) sem acordo cause tumultos, noticiou a mídia britânica no domingo (3).
A data oficial para que o Reino Unido deixe a União Europeia é 29 de março, e o tempo da primeira-ministra Theresa May está se esgotando; os legisladores não param de brigar, e os britânicos estão formando estoque de absolutamente tudo, de peças para bicicletas a garrafas de vinho. A incerteza domina, mas, graças a planos que datam da época da Guerra Fria, pelo menos a rainha está salva.
Os planos de evacuação de emergência existem desde a Guerra Fria, mas agora foram adaptados para o caso de distúrbios civis caso o brexit ocorra sem um acordo, afirmou uma fonte do secretariado do gabinete britânico ao jornal Sunday Times, que optou por não revelar detalhes adicionais sobre o local escolhido como refúgio.
“Se houver problemas em Londres, é evidente que temos de retirar a família real de certos lugares chave”, disse Dai Davies, antigo encarregado de proteção à família real na Scotland Yard, a polícia metropolitana londrina, ao Times. “Para onde e como eles serão transportados é segredo de Estado, e não posso discutir o assunto”.
A família real ficou no palácio de Buckingham durante a 2ª Guerra Mundial, a despeito de temores graves quanto à sua segurança. Para muitos britânicos, a monarquia representa estabilidade e esperança nos períodos de desordem.
Quando o palácio foi bombardeado pelos alemães, com o rei e a rainha presentes, a rainha-mãe escreveu uma carta que se tornou famosa: “As crianças não sairão a menos que eu saia. Eu não sairei a não ser que o pai delas saia, e o rei não deixará o país em circunstância alguma”.
Para alguns comentaristas, a ideia de que um monarca reinante deixe o país em caso de um brexit sem acordo é difícil de imaginar.
Em artigo para o jornal Telegraph, Iain Duncan-Smith, antigo líder do Partido Conservador, definiu o plano para a retirada da família real como “Projeto medo em modo turbo”, e o legislador Jacob Rees-Mogg disse ao Mail on Sunday que os planos mostravam pânico desnecessário.
Quando perguntado sobre o plano, Richard Fitzwilliams, especialista em questões da realeza, definiu as reportagens como “extraordinárias”.
“É inacreditável que isso tenha recebido tamanha exposição. Obviamente existiam planos para manter a família real em segurança durante a Guerra Fria. E todos sabem que o rei e a rainha ficaram no palácio de Buckingham durante a blitz [campanha de bombardeamento da Alemanha nazista]”.
“Sem dúvida, planos de toda espécie estão sendo revisados, caso tumultos associados ao brexit sejam vistos como possíveis, mas a ideia de que a monarca, que é o símbolo da unidade nacional, e outros membros da família real possam ser removidos da cidade é simplesmente bizarra”.
“E quem vazou essa história no governo? Deve ter sido o Ministério dos Andares Tolos”, brincou.
Em discurso no mês passado, a rainha Elizabeth 2ª instou as pessoas a “falarem bem umas das outras”, a despeito do momento desafiador e de fortes tensões, e a respeitar “pontos de vista diferentes” —a despeito da neutralidade da rainha em todas as questões políticas.
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