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Cresce repressão contra jornalistas cubanos, afirma entidade

Transição e relação com EUA influenciam em atuação de governo contra mídia

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro (dir), e da Bolívia, Evo Morales, se reúnem em Caracas - Imprensa Presidencial - 15.abr.2018/AVN/Xinhua
São Paulo

Em meio à instabilidade política provocada pela mudança de governo em Cuba e após anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que criaria um “grupo operacional” para apoiar o acesso dos cubanos à internet, houve um aumento da repressão aos jornalistas na ilha.

A conclusão está em relatório da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) publicado neste fim de semana.

“Os ataques já não são contra os jornalistas e sua integridade física, mas também suas casas são revistadas e eles são proibidos de sair de suas cidades e, em algumas ocasiões, do país simplesmente por exercerem o jornalismo”, diz o relatório. 

Outros problemas citados são ameaças de represálias contra familiares de profissionais e jornalistas detidos ou chamados para prestar depoimento. “Todas essas agressões se dão em um clima de total falta de defesa jurídica e de um Estado que governa tudo”, diz a SIP. 

O custo da internet é outra questão —um salário médio mensal consegue pagar por apenas 30 horas de conexão. O serviço de telecomunicações é monopólio estatal. 

Segundo o relatório, a espionagem de emails e a clonagem de perfis em redes sociais são “moeda corrente” no país, e sites jornalísticos e de organismos de direitos humanos são bloqueados.

A Venezuela é outro exemplo de deterioração da liberdade de imprensa, com aumento de violações sistemáticas contra jornalistas e meios de comunicação.

A estatal Corporação Alfredo Maneiro, que tem monopólio da venda e da distribuição do papel de jornal, é utilizada “como arma de discriminação para castigar a imprensa”. Nove jornais deixaram de ser publicados nos últimos seis meses.

Três TVs e 46 rádios também fecharam, “como produto da crise econômica, da falta de publicidade e da asfixia governamental contra meios críticos e independentes”. 

Segundo dados do Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela, entre agosto de 2013 e fevereiro de 2018 35 diários deixaram de circular. Destes, 18 fecharam definitivamente e 16 suspenderam suas edições em papel. 

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa documentou 498 agressões e 66 detenções de jornalistas em 2017. Muita dessa violência fica impune. 

“Os uniformizados [policiais, militares e milícias] ameaçam, insultam, amedrontam, espancam, roubam e detêm jornalistas sob quaisquer circunstâncias. São obrigados a apagar fotos, vídeos e áudios, e têm seus celulares, câmeras e gravadores roubados”, diz o relatório.

O Brasil é criticado pela impunidade em relação aos assassinatos de Jefferson Pureza Lopes, radialista de Goiás, e Ueliton Bayer Brizon, editor de um jornal de Rondônia.
 

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